Não
precisa ser nenhum frequentador assíduo do Cinéfilos Famintos para saber que meu forte
não é o almoço. A Luciana até tenta e faz umas matérias no horário do meio dia
(vide Pueblo,
Café da Protásio, etc.). Nada pessoal, mas realmente não sou de sair para almoçar,
não gosto (mais do que isso, gosto de almoçar sozinho... não adianta, é um
hábito do qual eu gosto, não me sinto mal, chateado, não acho depressivo como
muitos consideram fazer uma refeição sozinho, às vezes no mais puro e agradável
silêncio). Obviamente, se você me convidar para ir naquela minha trinca mágica
e sempre espetacular na opinião desse humilde blogueiro (ah tá, vai dizer que
não sabe que a trinca é composta pela variedade do Dado Bier, pelo padrão Outback
e pelo afastado, mas saboroso e matador Applebee’s? Pois bem, essa é a minha trinca mágica,
tipo um teorema de Pitágoras da gastronomia, não tem como errar) dificilmente
irei recusar. Outra exceção foi aberta (fundamental: avisar com antecedência,
decisões no dia... eu respeito, mas não consigo mudar meu planejamento em cima
da hora), e assim fomos para almoçar em função do aniversário de amiga e colega
de trabalho. Almoço de firma, lá vamos nós para a Oca de Savóia.
Dito
isso, lembro-me do Woody Allen que falava que o sol é carcinogênico, que o sol
é a desgraça de sua existência e outras verdades. Olhei essa poça e fiquei
feliz.
Mais
do que isso, lembrei-me do crítico de cinema, jornalista e amigo @clickfilmes (vulgo
Andrey Lehnemann) que falou certa vez, de forma brilhante, a respeito de certo
movimento da natureza: “A chuva é uma das coisas mais subestimadas desse
século. Para mim, ela traz felicidade, beleza, magia... Deveria ser mais
respeitada!” Concordo plenamente, nada disso posso dizer a respeito do astro
solar amarelo, que me traz desânimo, marasmo e outros!
Assim
sendo, foi com muita satisfação que fomos almoçar em um dia plenamente chuvoso
(se você não notou isso pelas fotos uma pena, o dia realmente estava
maravilhoso).
Chegamos
cedo, pudemos observar as mesinhas próximas, umas as outras.
Nos
ambientes sempre ficam televisões ligadas, exibindo alguns clipes e similares.
No
almoço, o local serve rodízio de pizza, além de ter um mini buffet com saladas
e algumas comidas quentes.
A
parte das saladas...
E a
‘outra’ parte (embora aqui parecesse estar faltando comida, o buffet era
reposto com frequência. E um ponto positivo e negativo: servem filé a
parmegiana no buffet, ótimo isso. Infelizmente em porções enormes, o que fez
este vos escreve pular essa prova, visto que o foco deveria ser – e foi – comer
pizzas).
Fui
de batata com molho branco, peixe e uns tomates... acho que estava sem tanta
fome no dia...
Outro
ponto interessante do local é o refrigerante com refil grátis (e com o valor já
incluso no valor do rodízio), que fica ao lado do buffet. Vai lá e se serve a
vontade de Coca, Fanta e outros... delícia (como bom fã de Applebee’s e Outback
e refil de refrigerante grátis, aqui não poderia ser diferente... ‘OS GORDOS
COMEMORA, É NÓIS!’).
Depois
de já ter circulado pizzas de mussarela, 5 queijos, presunto e ainda milho,
finalmente fui na primeira fatia, alho e óleo. Cumpriu parcialmente a missão,
estava boa. Agora alho e óleo boa é aquela de ficar bafão, de queimar com o
alho na garganta e outros... a alho e óleo da Oca de Savóia não espanta nem
filhote de vampiro-emo-vulgo-crepúsculo (sinto muito pessoal, é a mais pura
verdade).
Frango com requeijão, aprovado e levemente
crocante.
Nisso
foi possível notar que não existe (ou existiu, naquele momento) um timing em servir a pizza: ora serviam
várias seguidas, ora a folga era superior a 5 minutos entre uma rodada e outra,
algo a ser corrigido, urgentemente.
Retomando
os trabalhos, vamos de estrogonofe? Tranquilo, molhada e com boa
quantidade de carne, bem boa.
Nisso
observamos os condimentos. Mas viram que na foto falta algo? Pois é, não tem
nem um cortador de condimentos, uma tesoura pequena que seja. Outro ponto a ser
revisto pelo local, essa coisa de cortar sache com a faca ou ainda com os
dentes, é algo tão legionário, um jeito Conan de ser cortar com os dentes... um
troço do naipe anos 80, um tanto quanto ultrapassado... Sr. Oca, Dona Savóia,
favor rever os conceitos do local, a freguesia 2012 agradece.
Mais
pizzas!
Nessas
fui lá pegar mais batata e peixe, para fugir a jogada de sempre pizza... devo
dizer que essa berinjela picante e a pizza Cleópatra (com queijo, manjericão e chester)
fizeram uma bela combinação!
O cardápio
da Oca de
Savóia ganha pontos por ser direto e eficiente. Por outro lado,
podemos afirmar que não passou cebolinha na manteiga, nem rúcula com tomates
secos, além de não ter coração de galinha como opção (bah... cadê a pizza de
coração?).
Nisso
vamos para as doces, peguei pouco porque não me empolgou.
Provei
chocolate
com morango: pequenos morangos e chocolate estranho. Pizza estava
fria, não estava morna nem quente, fria.
Pizza com sorvete de
creme:
boa, melhor que a anterior.
E
fechei por aqui, mas ainda com tempo de tirar foto da pizza de m&m’s que foi
servida também...
No
fim das contas, tudo
saiu por R$ 26,95, incluindo 10%. A Oca de Savóia, pelo que preço
que oferece, cumpre bem o seu papel, embora pudesse corrigir algumas falhas,
conforme apontado no texto. Coisas simples e que podem ser melhoradas sem
grandes esforços ou compensações financeiras. Se gostei de ter conhecido o
local? Sim, sempre é válido. Mesmo que tenha sido no almoço, foi um almoço de firma
e de quebra, comemoração de aniversário (Paty Vidal, aquele abraço, by ‘um gordo feliz’!). E claro, tudo
isso não seria suficiente se o clima não estivesse ajudando. E assim como
escreveu Eduardo Sacheri, de forma arrebatadora, emocionante e tudo mais, em
sua obra La Pregunta de Sus Ojos (que
posteriormente geraria o filme O Segredo de seus Olhos, com Ricardo Darín,
Oscar de filme estrangeiro, entre outras informações):
“Nunca pude soportar ver salir el sol después de
una tormenta. Mi idea de un dia de lluvia es que debe llover hasta la noche.
Que el sol salga a la mañana siguiente, vaya y pase, pero ¿así?... Que el sol
interrumpa donde nadie lo llama... En los dias de lluvia el sol es un intruso
imperdonable.”
‘Em
dias de chuva, o sol é um intruso imperdoável!’ Felizmente nesse dia o sol
limitou-se a ficar escondido, em sua real insignificância, e a chuva, essa sim,
dominou plenamente, soberana e sem ressalvas... que dia maravilhoso esse com que
a natureza nos brindou!
Dito
isso, mantendo o clima que reinava na cidade nesse dia, eu precisava manter a
linha, precisava falar de algo empolgante, motivador, alegre... o clima me
deixava assim. Pensei em falar de Até Chuva, que vi no Festival de Filmes
Bourbon (festival tão bem divulgado que a sessão teve 4 pessoas, sendo o
pessoal oferecendo ingressos gratuitos para estudantes e outros), pensei ainda
em falar sobre Kirsten Durst nua e encantadoramente depressiva no igualmente
depressivo (e assim sendo, formidável) e agradável Melancolia, de Lars Von Trier.
Mas dia desses revi o interessante Identidade que, entre outras qualidades, tem a
chuva como elemento marcante do cenário.
Observamos
em Identidade
várias histórias acontecendo em paralelo: observamos as vésperas do julgamento
de determinado paciente acusado de matar várias pessoas no passado; Enquanto
isso, na beira de estrada observamos um acidente de carro, uma suposta
prostituta em seu veículo que quebrou, uma família que para na estrada em
função do pneu do carro ter estourado, pelo menos um presidiário... todos no
fim das contas, acabam se encontrando em um motel de beira de estrada e aos
poucos, mortes começam a acontecer, sem se saber ao certo quem é de fato o
assassino.
A
referência a O Caso dos Dez Negrinhos de Agatha Christie é inegável, embora
aqui atinja outros patamares, outros parâmetros de suspense, além do óbvio
“quem está matando todo mundo?”.
Um
dos grandes méritos do filme, sem dúvida, é a direção de arte e os efeitos sonoros, ressaltando de maneira impressionante o
ambiente de um motel de beira de estrada, em um terreno isolado, onde a única
companheira do local é uma violenta e intensa tempestade.
Apesar
de o diretor James Mangold tentar estragar o filme em diversos momentos (com a
falta de sutileza, a trilha sonora antecipando cada morte, os excessivos
close-ups), Identidade
é um ótimo filme de suspense, com tensão planejada e com desfecho satisfatório,
para não dizer ambíguo. E claro, carregado de muita, muita chuva!!!
Avenida
Doutor Nilo Peçanha, 2286 – Boa Vista – Porto Alegre/RS
Fone:
(51) 3491 4364 (Pedidos 3363 3232)
Horário
de funcionamento: todos os dias das 11h até meia noite.
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