Quem nunca foi ao Barranco? Ok, se você ainda não
foi, corre lá e corrige essa falha... hehe acontece que eu mesma fui começar a
frequentá-lo recentemente e confesso que até onde conheço, suas carnes,
atendimento, e principalmente saladas, são imbatíveis. O Barranco é o bom e velho “amigo
da família”, que você ouve histórias de que seus pais ou conhecidos já frequentavam
o restaurante desde a adolescência. Acontecia com meu pai, ele contava que ia
ao local quando estudava no ‘Julinho’, em sua época de garoto.
Logo de cara, à direita de quem entra, podemos
vislumbrar parte das mesas que ficam ao ar livre. Uma pedida e tanto para quem
curte uma boa refeição na companhia das árvores e pássaros. Já sentei por ali e
digo que é bem legal.
Ficamos sempre no salão “de baixo”, aquele que
tem saída para outro salão menor e os banheiros. Algumas mesas já esperando
seus clientes...
... e nas paredes a decoração conta com camisas
de times (a maioria antigas), devidamente autografadas.
Lembro do meu aniversário de 2011, comemorado no
Barranco.
Eu estava de férias (uma semaninha) e o dia estava perfeito pra mim, não poderia
estar melhor. Chovia a cântaros, e ventava. Ventava muito. E eu bem bela saí de
casa e me fui, cheguei lá meio pinguim (como costumo dizer de pessoas que estão
inteiramente molhadas da chuva) e o Maza já me esperava. Foi uma janta super
daquelas e meu niver foi comemorado em alto estilo. Pelo menos pra mim.
Devaneios à parte, ao chegar já nos dirigimos ao
famoso salão de baixo, para nossa mesa o canto. Logo o garçom que sempre nos
atende, o simpático seu Pacheco, chegou à nossa mesa e já pedimos as bebidas.
Enquanto escolhíamos os pratos pedimos que ele nos contasse alguns “causos” que
tivesse presenciado em seus 30 e poucos anos de Barranco.
Ah, e é claro, pedimos para vir o carrinho de
saladas, pois é parada obrigatória, sem erro! Aliás, como muitos devem saber, e
a título de curiosidade, recentemente (acho que ano passado) o carrinho de
décadas foi trocado por um novo, todo de inox. Ei-lo!
Sempre nos servimos mais de uma vez na salada, o
garçom do carrinho sempre aparece, quando menos esperamos ele está de volta.
Adoro isso.
Vou mostrar meu primeiro prato de salada da
noite, só o primeiro, ok?
Olha aí o do Maza (peço desculpas pela foto, não
percebi que estava meio fora de foco...).
Ok, mostro mais um prato! As saladas desse
carrinho são de matar.
Depois que fizemos o pedido das carnes ficamos
por ali nos alimentando como deve ser, com saladinha bonitinha na
salada, fazendo o aquecimento para o que viria depois.
Logo voltou seu Pacheco para nos contar um dos
“causos”: Certa noite estava num dos salões uma mesa de amigos, era a despedida
de solteiro de um deles, que casaria no dia seguinte. Estavam bebendo,
conversando e se divertindo quando um deles resolveu ir ao banheiro e ao passar
pelo outro salão viu a dita noiva do amigo, em uma despedida de solteiro
particular com outro cara (despedida de solteiro modo de dizer, pelo relato
estava traindo na cara dura o noivo, olha que absurdo isso!). Imagina a cena.
Daí ele nos contou que o amigo do noivo chamou por eles e pediu que os
ajudassem, pois a noiva do amigo deles estava ali com outro e não queriam que
ele visse. Resultado, os garçons conversaram com a moça e combinaram um
desmaio, ao passo que ela passou pela mesa dos rapazes carregada no colo pelos
garçons – e supostamente desmaiada – em direção à rua e a um táxi. O noivo nada
percebeu e ficaram pouco mais por ali, pois os amigos, constrangidos com a
situação, sugeriram que fossem embora. Sinistro, hein? Ah sim, no fim o casal
se casou e reza a lenda que vivem felizes para sempre, sem um saber da traição
e tudo mais...
Mas vamos aos pedidos, depois eu conto o outro
causo.
O de sempre: delicioso, macio, saboroso e
suculento lombinho
de porco com queijo.
Não tem como resistir.
Ah, sim! Não podemos esquecer, nos foi servido
pelo seu Pacheco.
Vamos ao restante do pedido, aqueles coraçõezinhos
de frango bem assadinhos, na medida e acompanhados por cebola assada
junto no espeto.
Olha isso, delícia pura!
Um cafezinho para arrematar... e vamos de doce?
Vamos sim, mas antes vou contar outra história,
ou pensaram que eu tinha esquecido? Havia um cachorro, mas um cachorrão, sabe?
Daqueles bem grandões, que ficava na volta do restaurante. O cão andava em meio
às mesas na rua e espiava os clientes pela janela. Todos estavam acostumados
com o bicho e lhe davam pedacinhos de comida quando ele ficava na volta. Se não
davam, ele botava a patinha (ou seria uma patona?) na mesa e achavam graça, ele
sempre ganhava comida. Certo dia uma senhora muito distinta chega ao restaurante
com seu formoso casaco de peles (ou algo que o valha) e pendura nas costas da
cadeira. O simpático cão começa a rodear, rodear, e pá! Faz pipi no casaco da
dona... hehe só resta depois dessa contar que a senhora em questão não percebeu
o ocorrido e foi-se embora com seu casaco batizado. Querem saber mais
histórias? Com certeza os garçons ali têm muitas ainda pra contar... hehe
Mas vamos à sobremesa, um mousse de chocolate para fechar
com chave de ouro. Eles ainda têm uma deliciosa torta de sorvete, mas ficamos
com o mousse nesse dia.
Ao final dessa noite prá lá de agradável e
recompensadora pagamos a conta na casa dos 90 reais (pouco mais, pouco menos)
e saímos certos de que em breve retornaremos ao Barranco, um dos melhores
restaurantes de Porto Alegre.
Filme... sobre que filme eu poderia falar? O
Maza me sugeriu falar de certo filme argentino (amo o cinema argentino) a que
assistimos no Instituto NT: Chuva (Lluvia, 2008).
Dirigido e roteirizado por Paula Hernandez, Chuva
se passa nas ruas alagadas de uma Buenos Aires lindamente chuvosa (até porque
como diria o amigo @rafaferr , Porto Alegre fica linda em dia de temporal... aliás,
TUDO fica lindo em dia de temporal... é isso ae Rafa, somos do time que amamos
tudo em dia de temporal, é nós!). Alma, após delicado
rompimento de uma relação amorosa decide morar em seu carro. No início do filme
vislumbramos a moça em um supermercado, onde compra produtos de higiene pessoal
e se utiliza do banheiro do estabelecimento para uma parca higiene. Em outro
momento a vemos sair em meio à chuva para comprar cigarros.
A chuva torrencial a deixa presa em um
engarrafamento, e em determinado momento irrompe em seu carro Roberto, que sem
maiores explicações no momento, alega estar fugindo de uma manifestação.
O interessante do roteiro é colocar esses dois
personagens tão completamente diferentes – e ambos sozinhos em Buenos Aires –
dentro de um mesmo carro, ao passo que, diante da situação do engarrafamento e
da chuva, e por que não dizer da solidão do momento de ambos, eles começam a
conversar. Pouca coisa é relatada, mas pode-se saber que Roberto é um
engenheiro espanhol que vive fora e que há mais de 30 anos não visitava a
cidade, estando ali naquele momento em função do pai que se encontra
hospitalizado e à beira da morte. Enquanto Alma rompeu recentemente com o
passado, e se encontra vivendo em seu carro.
A trilha sonora complementa de forma importante
a história, concedendo o clima certo para o breve encontro que há entre os
dois. Ambos passam a circular pela cidade em busca de resolver suas pendências,
e esse encontro vai mudar de forma significativa a vida de ambos, mesmo que
momentos atrás fossem completos desconhecidos.
Mais um filme que entra para o rol de
interessantes obras do cinema argentino, e que com certeza merece uma
conferida, nem que seja pelo fato de que a chuva é uma das coisas mais belas
que existe.
Avenida Protásio Alves, 1578 – Petrópolis –
Porto Alegre/RS
Fone: (51) 3331 6172
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