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28/06/2015

Super Velozes, Mega Furiosos


Acredito que pelo fato de uma das últimas ‘sátiras’ que vi e escrevi ter sido o filme Inatividade Paranormal 2, do gênio Marlon Wayans, esperava que a obra a qual escrevo seria um desperdício de tempo, recheado de palavrões, putaria, mulheres peladas, homofobia, racismo e outros. Me enganei: Super Velozes, Mega Furiosos não tem praticamente nada do citado anteriormente. É um bom sinal, mas não quer dizer que seja um bom filme.

Super Velozes, Mega Furiosos, dirigido por Aaron Seltzer e Jason Friedberg, não pretende trazer nada de novo em nenhum momento, ele apenas pega uma franquia famosa e tenta tirar sarro disso a todo o momento. O filme nasce tão datado quando já com nem 10 segundos observamos o título original do longa: SUPER FAST 8 (lembrando que o filme foi lançado para aproveitar o filme Velozes e Furiosos 7, que nem poucas semanas após a exibição já anunciou o oitavo filme da franquia).

A sinopse é: não vou perder tempo com isso. Mas se você viu algum dos filmes da franquia Velozes e Furiosos pode imaginar: tem o cara com o carro possante (Vin Serento), o policial disfarçado de ladrão de carros possantes (White), depois aparece duas minas gatas que tem relação com Vin Serento (Michele e Jordana), tem o delegado Johnson que quer pegar os meliantes... sim, se você percebeu que o nome dos personagens faz trocadilho com os principais atores da franquia satirizada, isso não é mera obra do acaso.

Ao longo do filme é comum observamos o citado no parágrafo anterior: o policial disfarçado é boboca e está sempre faceiro, alegrão. O Vin Serento tem o mesmo tom de voz um pouco rouco e “ó, sou fodão”, do Vin Diesel, a Michele de Super Velozes, Mega Furiosos, tem insinuações o tempo todo de que é lésbica e curte isso, Jordana é uma morena com mesmos ares de Jordana Brewster e assim vamos, o delegado Johnson a todo o momento está com cara de invocado, tem dificuldade para entender tudo a sua frente e está sempre passando óleo de bebê no corpo para ressaltar seus músculos: um brucutu suadão e marombado, fantástico mesmo.

As piadas nesta ‘comédia’ são igualmente óbvias. A garota que anuncia o ‘GO’ para os carros começarem os rachas: é atropelada (a piada é tão legal que em outro momento do filme teremos mais um personagem sendo atropelado). Enquanto os carros voam usando... NITRO ('nossa parça, que original), o do mocinho tem urina do ciclista Lance Armstrong (hmmm, urina de esportista que caiu em doping faz carro sair à milhão? Se a novidade pega... teríamos carros usando o slogan: ‘Yellow is the new combustible’). Outra coisa que reforça as piadas é a trilha sonora óbvia: normalmente é uma trilha faceira, alegre. Quando temos alguns acordes um pouco diferentes é algo como: cara, acabamos de lançar uma piada na tela, não viu? Olha a música, é de comédia, comece a rir!

O fato do filme não ser supostamente homofóbico e outros não faz com que seja super elogioso: a todo o momento é insinuado que White é gay, desde seus trejeitos até seu carro que é marcado pelo símbolo do arco-íris. E claro, a frase famosa do trailer:

- o que você está dirigindo?

- Um carro... com unicórnios!

E a plateia... UOOOOOOOOOOOOOUUUU.

Sério, era para rir nesse momento?

Além de ‘reforçar’ que não é filme com preconceitos (ou é de forma mascarada, cada um tire suas conclusões), ele ironiza a maior parte dos filmes e mostra uma cena em que muitas pessoas estão peladas, mas nada é visível: tudo aparece com aquelas famosas marcações borradas. Ou seja: quem espera ver esse filme a procura de nudez feminina gratuita vai se dar muito mal.

Outra ‘sacada original’ do longa é mostrar dancinhas o tempo todo, desde os cumprimentos, até enfrentar vilão e se não dançar do jeito que ele quer vai levar bala e morrer. Ou não, pois é outra coisa que o longa satiriza, o grande fato dos filmes de ação e tiroteio ter milhares de... tiros disparados e praticamente ninguém sair ferido.

O que se mostra também recorrente no filme são os diálogos expositivos: em determinado momento o policial White precisa fazer algumas perguntas para Jordana e ele tem um script escondido com as perguntas. A primeira pergunta ele faz olhando para o texto e a câmera então foca o texto. A segunda pergunta ele faz de novo olhando o texto e a câmera de novo mostra o texto. A terceira pergunta... CHEGA! Mais um momento brilhante de diálogo expositivo:

- Cara, minha irmã está feliz com você, ele está radiante.

Corta para a irmã de Vin Serento aparecendo iluminada, brilhando, ofuscando as possíveis inimigas. Beijinho no ombro para o autor da ideia, foi algo... brilhante.

Ok, tem um ou outro bom momento, incluindo o deboche com os personagens especiais que aparecem na franquia original, como um japonês inteligente, um rapper para participação original, uma gata modelo que é projeto de atriz e que literalmente não tem nenhuma fala no filme, só faz o papel de ser gostosa, balançar cabelo no ventilador ou usar roupas curtas. E claro, a tiração de sarro com Jonah Hill e seu Anjos da Lei, onde uma coisa que achava bem bolado era qualquer batida de carro gerar uma explosão, mesmo onde parecia ser impossível acontecer isso. Pois aqui tem essas menções, incluindo uma colisão de uma bicicleta em uma árvore, culminando com uma... explosão. Michael Bay não viu esse filme, mas deve ter odiado.

Ao final de seus quase 100 longos e cansativos minutos, Super Velozes, Mega Furiosos deixa claro que não é um filme pedante, misógino, nojento e asqueroso como alguns dos filmes recentes do gênio da comédia satírica da atualidade, Marlon Wayans. Ok, isso é bom, mas é muito, muito pouco, para tirar o filme da mesmice e mediocridade que permeia praticamente todo o longa.

26/06/2015

Freddo - Shopping Iguatemi - Porto Alegre


Tem aquele dia em que a gente sai de casa pra organizar várias coisas na rua e nesse meio tempo precisa, é claro, comer algo. Resolvi dar uma passada no quiosque da Freddo no Shopping Iguatemi para fazer um lanche.

18/06/2015

Turn Me On, Dammit!


A abordagem da fase adolescente nos cinemas não costuma ser algo bem aproveitado. Com algumas exceções, mesmo que focadas na violência e sexo (Aos Treze e Kids, para citar apenas dois exemplos), é comum observarmos um amontoado de clichês, tais como a menina mimada, o garoto que sofre bullying, mas no fim conquista a garota linda da escola, etc. Assim sendo, é parcialmente satisfatório que Turn Me On, Dammit! (ou Fà Meg Pá For Faen, no título original Norueguês) fuja à regra, mesmo que acabe falhando em diversos momentos.


Dirigido por Jannicke Systad Jacobsen, Turn Me On, Dammit! tem como protagonista Alma (Helene Bergsholm), garota que em poucos meses completará 16 anos. Sua vida é insossa, assim como a cidade em que vive: fora da escola nada tem de muito útil a fazer, além de se encontrar com as amigas Saralou e Ingrid. Um dos grandes passatempos é flertar com alguém adulto para que esse compre alguns fardos de cerveja no mercado, já que elas são menores e não têm idade para isso.

Mesmo que não seja elemento fundamental ao filme, a fotografia em tom azulado de Marianne Bakke marca presença por apresentar um território frio, isolado, por vezes sem vida, bem próximo do que é a vida daquelas pessoas. A fotografia apenas reforça o que é a vida daquelas pessoas em uma cidade que nada tem: O tempo não passa, o tédio domina, a mesmice reina, tudo que Alma quer é Nova York (ou Oslo, como temporariamente chega a acontecer), é música, é transar, e é Arthur, o colega de sua escola.

O roteiro de Jannicke Systad Jacobsen e Olaug Nilssen acerta ao focar sua obra centrada no universo feminino, principalmente na questão de Alma, uma adolescente passando pelo período da puberdade, com a mãe trabalhando boa parte do tempo, Alma passa o tempo ligando para o serviço de tele sexo. Por outro lado, o roteiro falha com a insistente narração em off de Alma, um recurso na maioria dos casos desnecessário. Aqui isso vai além, funcionando para explicar cada cena que é exibida, fazendo do recurso uma ferramenta constante de diálogo expositivo.

Outro ponto positivo do longa é que, com raras exceções, o elenco é formado por ‘não atores’, o que torna o filme mais real e menos artificial do que em outros longas com o mesmo tema. Aliás, de maneira bastante grosseira, vendo Turn Me On, Dammit! acabo lembrando um pouco da atmosfera presente em Morro do Céu, de Gustavo Spolidoro: Se em Morro do Céu as pessoas queriam sair daquela cidade ou passar de ano na escola, aqui as pessoas também entendem que a cidade Skode Heim não tem nenhum grande atrativo. Tudo é tão igual, tudo é tão velho e simplista, não há nada de mais na vida daqueles adolescentes. O centro jovem é um pequeno exemplo, onde um velho sofá atirado no mato é algo suficiente para as pessoas se acomodarem em meio a uma festa. Outra grande diversão, essa por pouca idade da protagonista e suas amigas, é ficar na frente do mercado encarando garotos mais velhos: não para flertar, mas para pedir que eles lhes comprem cerveja, em função de suas idades.

Mesmo que falhe em seu terceiro ato, resolvendo as situações criadas ao longo de pouco mais de 70 minutos de maneira superficial, sua última cena traz a protagonista, de certa forma, acordando de seu sonho e caindo na realidade: ela é apenas uma adolescente, que mora com a mãe e está longe de alcançar sua liberdade sexual. Turn Me On, Dammit! no fim mais acerta do que erra, embora suas falhas quase ofusquem a qualidade da obra Norueguesa.

Jessabelle - O Passado Nunca Morre


Não é novidade que uma parcela considerável dos filmes atuais ou são reboots, remakes, refilmagens ou ainda continuações desnecessárias de um grande filme (às vezes basta ser tão somente mediano que já teremos maneiras de criar novas obras a partir do mesmo). Com Jessabelle - O Passado Nunca Morre não temos tal situação, mas talvez algo pior: um filme que não define o rumo a ser tomado e segue com várias referências de filmes de terror o tempo todo, parecendo uma cópia – muito – mal feita de todos.


Em Jessabelle observamos de cara um acidente de carro que faz com que Jessabelle (Sarah Snook), grávida, perca seu futuro bebê e o marido. Sobrevivendo com muita dificuldade, precisará de fisioterapia por vários meses para poder retomar sua vida. Para tanto, seu pai afastado é o único parente que ela possui para levar para casa e seguir sua nova rotina (sua mãe morreu décadas atrás). O que acontece na sua vida a partir do momento em que começa a repousar na casa de seu pai irá ‘desencadear uma série de incríveis e assombrosos fenômenos que irão deixar a protagonista com vida aterrorizada’.

Sim, já vimos algo do tipo antes. Mas aqui é mais esculhambada que em outros tantos filmes.

A trilha sonora é mal utilizada e óbvia por diversos momentos, trabalhando sempre com a ideia de que se teremos algum momento de tensão, aumenta o som na caixa, coloca algo para assustar e pronto! Temos a ‘construção musical’ da cena. Além disso, a música é totalmente desnecessária em alguns momentos do longa, tentando construir tensão em uma mera conversa de bar, em determinada parte do filme.

A fotografia de Michael Fimognari se mostra igualmente deficitária: se você está em um dia alegre ou em um dia tenebroso, a paleta de cores parece idêntica. A casa onde fica Jessabelle deveria aparentar algo velho, mal cuidado... mas as cores mostradas são as mesmas de quaisquer outros cenários (ok, falha também da produção de artes e cenários). Para não ser do todo injusto com a fotografia de Jessabelle, quando temos alguma mudança ela surge de maneira absurda, muitas vezes adiantando algo como: mudamos de tom iluminado para cinzento em questão de segundos, preparem-se que os sustos e o terror vai recomeçar. Pior que isso é quando a fotografia contrasta de maneira equivocada com o clima proposto no filme. Sem maiores spoilers, mas seus minutos finais querem tentar um momento – sonolento – de tensão ao espectador, trazem os atores se esforçando para conseguir isso, a trilha sonora igualmente, mas a fotografia inexplicavelmente muda para algo super iluminado, vivo, como se o próprio diretor do filme Kevin Greutert estivesse de acordo com a ideia e dizendo: ok, vamos sabotar esse filme e misturar as coisas.

Aliás, misturar as coisas parece ser uma palavra correta para o roteiro: o roteirista Robert Bem Garant não sabendo contar uma história original, trabalha com ideias já lançadas no cinema ao longo das últimas décadas, não sendo muito necessário o espectador ser um amplo conhecedor de cinema para reconhecer no filme elementos de filmes envolvendo espíritos, de O Chamado, O Bebê de Rosemary (não propriamente na questão principal daquele clássico, diga-se), A Chave Mestra, entre outros. Pior que isso é querer que a plateia aceite que nos anos atuais você vá morar uns tempos em uma casa de campo isolada e a pessoa por lá tenha a plena disposição um videocassete funcionando, para a partir disso a protagonista observar as tais fitas VHS e parte do enredo começar a se desenvolver. E fechando de roteiro: em determinado momento comecei a lembrar de P.S. Eu Te Amo e A Casa do Lago, e isso NUNCA é um sinal positivo.

Os atores fazem o que podem em cena: temos David Andrews como Leon, o pai da protagonista (mais parecendo um Sam Elliot versão orçamento restrito), que pouco fala e quando às vezes interage mais, é quando está bêbado e acaba se irritando, sai quebrando coisas e tentando colocar fogo em tudo (nem sempre ele consegue, às vezes sim). Temos Mark Webber como Preston (novamente, mais parecendo um Chris Evans versão orçamento restrito) e que tenta ajudar Jessabelle na recuperação e nas loucuras que irá enfrentar nos pouco menos de 90 minutos de filme. E claro, a protagonista interpretada por Sarah Snook se esforça para seguir sua vida em um local fora de seu habitat inicial, mas o roteiro ineficiente faz de Jessabelle uma personagem que fica difícil de criar empatia. Ainda mais quando se fica constantemente quebrando a quarta parede. Não dela com o espectador, mas com uma fita cassete (praticamente interagindo com sua mãe Kate, morta, interpretada por Joelle Carter).

Ao longo do filme você já vai mais ou menos sabendo o rumo que terá aquela história ao final, mas nem isso a obra deixa o espectador juntar as peças sozinho, trazendo aquele momento estilo Scooby-Doo, explicando rapidamente tudo o que aconteceu para chegarmos naquele desfecho preguiçoso e com ares de ohhhhh, teremos uma continuação??!!

Um filme que mistura, como eu disse antes, ideias de A Casa do Lago, P.S. Eu Te Amo, A Chave Mestra, O Bebê de Rosemary e O Chamado, entre outras tantas obras não é um bom filme, não pode ser. Uma coisa é você homenagear clássicos/bons filmes, outra é não ter uma história própria e ir acrescentando ideias ao longo da projeção para finalizar de vez o filme. Jessabelle – O Passado Nunca Morre é assim, uma mistura indigesta de várias ideias, mas sem uma identidade própria. Que morte horrível.


Observação final: ao final do filme alguém se levantou e falou em voz alta (MEGA ULTRA SPOILERS SPOILERS SPOILERS): “mas o filme/desfecho é A Chave Mestra piorado!”. Se você gosta de A Chave Mestra, vá esperando algo que sim, lembra MUITÍSSIMO o desfecho do filme de 10 anos atrás, com a Kate Hudson.