Vamos lá então? Agora que vocês já leram a
primeira parte do curso aqui, ou seja, o primeiro dia, sejam
bem-vindos ao dia 2, que por ser o dia dos tintos, eu esperava ansiosa por ele.
Aqui vale lembrar que o curso é parceria do Armazém dos Importados e do Restaurante Copacabana. Uma parceria e tanto, diga-se de passagem!
E no dia do curso (18/10) o Copacabana estava de
aniversário, completando 73 anos! Fomos recebidos com uma taça de espumante e
brindamos à longa e próspera vida do estabelecimento. Que permaneça por
muuuuiiito tempo como é hoje, pois faz por merecer!
Dessa vez tirei foto da mesa inteira antes do
pessoal chegar, estava lindona!
Vamos abrir os trabalhos com um Borgogne Pinot
Noir Domaine Antonin Guyon, excelente! Apesar que sou suspeita para
falar, é uma das minhas uvas preferidas.
Não foi o meu preferido da noite, mas com
certeza figurou entre eles.
Passamos agora ao Bouza Tannat, que apesar de não
ser o meu preferido, estava fácil de beber. Tenho bastante resistência ao
Tannat em função de sua adstringência, aquela sensação de que algo trava na
língua, como se tivéssemos comido uma fruta verde, só que normalmente em menor
intensidade.
Um vinho bem encorpado, aroma intenso de frutas
vermelhas mais maduras.
Chega a ser maldade compará-lo em coloração com
o Pinot Noir que experimentamos antes.
Pinot Noir – que por si só já tem a tonalidade menos intensa,
um vinho em que o suco permanece menos tempo em contato com a casca durante a
maceração. A coloração mais alaranjada pode, em alguns casos, indicar um vinho
mais envelhecido, mas não é o caso Pinot Noir.
Tannat – Já nesse podemos perceber uma coloração mais intensa,
mais fechada. Este é um vinho em que na maceração as cascas ficam mais tempo em
contato com o suco, originando essa intensidade na cor e aumento dos taninos
(que causam a sensação de adstringência que comentei antes).
Agora vamos à entrada? Depois desses vinhos
maravilhosos chegou a vez de experimentarmos os bolinhos de bacalhau do Copacabana.
Acredito que dos melhores que já provei até o momento. Sequinho, saboroso,
tempero na medida certa. E que graça o “enfeite” com a alface.
Um toquezinho de azeite de oliva para fechar
todas!
Buenas, vamos ao segundo “extra” da noite (o
primeiro foi o espumante em comemoração ao aniver do restaurante e que eu não
tirei foto da taça cheia... tsc, tsc). O Marcelo nos presenteou com um Pinot Noir da
Patagônia, um Humberto Canale, bem mais interessante que o primeiro.
E percebam a coloração desse Pinot, pouco mais
intensa que o outro. Excelente vinho (Ps: ou estou ficando boa nessa coisa de
fotos, ou as múltiplas taças à disposição estão ajudando na composição... rsrs).
Agora chegou a vez do Las Moras, um Cabernet
Sauvignon de respeito.
Realmente gostei desse Cabernet, o sabor e o
aroma marcam presença.
Hora de comer, certo?
Sempre tive problemas com molho funghi,
normalmente não consigo me agradar do sabor e consistência do funghi secchi.
Claro que fiquei temerosa de não conseguir aproveitar adequadamente o primeiro
prato principal, Talharim ao Funghi.
Mas, felizmente, esse molho estava maravilhoso,
totalmente diferente dos demais que eu já havia provado. E que visual assim
coberto com o queijo ralado!
Experimentamos ainda o Riglos Gran Cabernet Sauvignon, saboroso
e aromático, mas ainda preferi o anterior para harmonizar com a massa.
A coloração é outro ponto forte nesse vinho.
O próximo vinho foi envolto por uma aura de
mistérios... hehe o Lisandro colocou o vinho no decanter e pediu que nos
servissem, para que provássemos primeiro sem saber que vinho era, e qual seria
a sensação.
Plenamente aprovado, e mesmo diante dos vários
“chutes”, não me lembro de alguém ter acertado.
Mas é claro que depois tivemos acesso à garrafa,
o Shiraz
Australiano Kilikanoon Killerman's Run, encorpado e bastante
saboroso, lembrando algo de especiarias e amoras.
Hora do próximo vinho e do próximo prato.
Vamos ao vinho primeiro, o Syrah Jean-Luc Colombo Crozes Hermitage
Syrah Les Fées Brunes.
Mais um para minha agora interminável lista de
vinhos preferidos...
Para acompanhar essas belezuras de vinhos, um cordeiro cozido
ao molho de tomate acompanhado de purê de mandioquinha. Estava
saborosíssimo, mas se posso deixar uma única dica que seja ao pessoal que
elaborou os pratos, é essa: um pouquinho menos de purê de mandioquinha com o
cordeiro. Reitero que o prato estava muito saboroso, mas como veio servido,
infelizmente sobrou no meu prato e de alguns colegas, algo que até então não
havia percebido nos pratos anteriores.
Mais um pouco de papo e daqui a pouco eis que
chega a sobremesa!
Torta crocante de doce de leite – estava macia, gelada na
medida e com a cobertura levemente crocante.
E para acompanhar, um Porto Warre’s King Tawny.
Preciso dizer mais alguma coisa??
Como diz o outro Cinéfilo Faminto, olhos
marejados!
Agora aquele expresso bacana pra fechar com
chave de ouro (bah... o que é o ângulo dessa foto?? hehe... culpa do vinho?
Claro que não, imaginem... culpa total do doce de
leite!).
Perdoem-me caso algum comentário tenha ficado
meio vago, ou alguma foto meio fora de foco. Mas convenhamos, depois de todas
essas taças... rsrsrs
O pessoal bebeu pouquinho nesse dia...
E depois disso mais um pouquinho de papo, troca
de e-mails, etc. Quero registrar a agradável companhia que tive do carismático
casal que se sentou ao meu lado nos dois dias de curso, a Celmar e o Luiz
Carlos. Pessoas adoráveis, de bom papo, adoradores da boa mesa e de bons
vinhos. Frequentadores do Copacabana há mais de 39 anos, caso não me falhe a
memória. Só não tenho registro de fotos por eles serem tímidos, preferiram não
aparecer.
O curso foi excelente, tanto pelo local, os
pratos, os vinhos e espumantes servidos, quanto pelo atendimento prestado por
toda a equipe. Um custo x benefício super aceitável. Agora ficamos no aguardo
do módulo 2, que segundo nos foi informado, deve ser divulgado para o mês de
novembro.
E para seguir a linha do primeiro post do curso,
o Maza quem fala sobre o filme!
Ele já passou por aqui,
muito por cima, em uma matéria originalmente postada no Fila K. Ele merece um post só
dele, único, pessoal, particular. Eu precisava escrever um pouco mais sobre Sideways.
O filme de Alexander Payne, a grosso modo,
acompanha uma despedida de solteiro de Jack. Seu amigo Miles (Paul Giamatti)
resolve entregar para ele uma viagem pela Califórnia, pelas vinícolas que ali
encontrar, pelos sabores e outros que encontrarem no meio do caminho. E claro,
confusões e mudanças de percurso, feridas latentes e outros surgiram na viagem.
Alexander Payne faz aqui um filme sobre amizade
de certa maneira, de pessoas bem distintas. Um ator de TV consagrado e prestes
a se casar, quer transar com alguém. Por outro lado temos Miles, um quarentão
quase cinquentão amargurado pelas oportunidades perdidas, por um amor que não
retorna, por uma carreira de escritor que nunca deslanchou. Em meio a isso
tudo, observamos os vinhos. Delicados, variados, finos ou mal tratados ao longo
da obra, não representam apenas bebidas, representam histórias, cuidados
especiais, sabores cada quais distintos uns dos outros. Em Sideways, a uva Pinot Noir teve
seu devido respeito sendo elevada a uma nova alcunha, de fama, de qualidade
acima da média, e claro, um vinho normalmente excelente, mas nem tão conhecido
antes do filme. Maya (Virginia Madsen, muito bem no filme, tanto na atuação quanto
na beleza natural) fala mais sobre a uva: “É um tipo de uva difícil de
cultivar. Tem a casca fina, é temperamental. Não é resistente como a Cabernet,
que pode crescer em qualquer lugar, até florescer onde não a cuidam. A Pinot
precisa de atenção e cuidados constantes”.
Mais do que isso, talvez naquele que é um dos
momentos mais brilhantes do filme, Maya recita um monólogo emocionante sobre o
fascínio, sobre o vinho em si, e sua vida, seu crescimento e outros: “Eu amo
como o vinho continua a evoluir. Como cada vez que eu abro uma garrafa o gosto
é diferente daquela que eu tinha aberto outro dia. Porque uma garrafa de vinho
é algo realmente vivo — está constantemente evoluindo e ganhando complexidade.
É assim, até atingir o auge e começar seu inevitável declínio. E o gosto, acima
de tudo, é bom demais”.
Sideways é uma dessas pérolas do cinema americano que
felizmente foi reconhecida pela qualidade de suas atuações, do seu roteiro e da
beleza com que trata o vinho. E caro leitor, cada qual for sua escolha, faça-a
com instinto, com desejo, com aquele sentimento de ter escolhido o melhor vinho
para sua ocasião, podendo ele ser um Pinot Noir francês, um Malbec argentino,
um Tannat uruguaio... a escolha pode ser a mais variada, o importante é você
fazer valer a sua escolha e ser feliz com ela. Estando em um curso no Copacabana
ou vendo Sideways
pelo mundo afora...
Investimento: R$ 245,00 por dois dias de curso, incluindo os
jantares, os vinhos e espumantes servidos.
Rua Padre Chagas, 171 – Moinhos de Vento – Porto
Alegre/RS
Fone: (51) 3222 1131
Praça Garibaldi, 02 (esquina Venâncio Aires) –
Cidade Baixa – Porto Alegre/RS
Fone: (51) 3221 4616 / 3225 9885 / telentrega
3221 4616
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