Coisa
bem boa é um hambúrguer. O xis tradicional é bom, mas um hambúrguer faz toda a
diferença. Vocês já leram matérias aqui sobre o Joe & Leo’s e o quanto
gostamos de lá. Dessa vez, optamos por locais diferentes, um pouco mais
intimistas, menores. Mais do que isso, locais que fazem algo estilo food
gourmet, uma refeição de forma mais estilosa, sabores ora comuns, ora
diferenciados, para fugir daquela coisa de competição de quem faz mais pratos
por minuto. Escrevemos tudo isso para
dizer que nossas próximas matérias serão aproveitando essa movimentação de
Porto Alegre, que do último ano para cá percebeu que a capital não quer apenas
comer só comida da rede do palhaço, queremos mais e melhor. Começaremos hoje
com o America
308.
Localizado
a poucos metros do Hospital Militar (e assim sendo, de fácil localização), o
local é bem direto em sua apresentação, com algumas mesas na parte interna...
Embora
consigamos observar o espaço para mesas na parte externa, caso não esteja
chovendo. Como chegamos cedo, a parte externa ainda estava sem as mesas
montadas.
Espaço
básico na vitrine, para verificar as bebidas disponíveis (incluindo o chopp,
mais ao fundo, atrás do balcão).
O
local também trabalha com telentrega, com caixinhas para acondicionar os hambúrgueres
e com o logo do estabelecimento, já pensando em marcar presença com o
consumidor (legal isso pessoal!).
Ainda
para os que curtem o estilo ‘comer no balcão’, tem esse espaço onde tudo é 3:
revistas, quadros, cadeiras... alguns até dirão: tri legal (não, eu pulo esse
clichê... mas gostei da ideia)!
O
cardápio da burgueria (sim, é ‘burgueria’, não hamburgueria) também vai direto
ao assunto: aqui é hambúrguer e fim, sem chance de acompanhamento e outros
(batatas fritas, snif, fica para uma próxima, snif). Os nomes dos pratos, como
podemos observar, são referências legais a presidentes e vices americanos (e
quando é político sobra para filha de presidente, tipo a Chelsea, a
Clinton...).
Cada
pedido leva em média uns 25 minutos para ficar pronto, com carne selecionada e
das carnes Angus e Hereford... qualidade é tudo! Assim sendo, observamos uma
pequena confusão, chegaram dois pedidos para nossa mesa, mas um era da mesa do
lado. Logo, a Luciana recebeu seu pedido antes, que foi o Nixon - Burger de carne de 200g, com mix de
mini pedacinhos de bacon e chimichurri, molho madeira, cebola caramelizada,
mussarela e em pão integral. E ela pediu para trocar a rúcula por
alface (fraca ela... rs).
Recheio
dos mais confirmados, provei um pedaço e digo que o bacon, que normalmente não
suporto, estava bem razoável, bom mesmo!
Uns
2 ou 3 minutos depois, chegou o meu Lamb Lincoln... espetáculo! Na boa, uns 5
dedos de altura o pedido! Burguer de cordeiro de 200 g, com hortelã, molho
barbecue, mussarela de búfala, agrião e em pão integral.
Carne
bem passada, bem o que eu precisava para um fim de tarde/começo de noite!
No
fim das contas, os
pedidos e mais duas latas de refrigerante, custaram pouco mais de 40 reais
(e a casa não cobra/não cobrou 10%, mais esse detalhe), valor mais do que
aceitável para a qualidade oferecida... o America 308 é uma ótima pedida para quem quer
fugir dos locais tradicionais da capital, que está disposto a comer algo de
qualidade e sem aquela correria do cotidiano... vá lá e experimente!
Minha
'relação' com Ron Howard é das antigas. Sério mesmo, desde pequeno escuto o
nome dele. Lembro-me de Splash, que vi faz décadas e achava divertido. Lembro
posteriormente dos meus velhos olhando Cocoon, que surpreendeu por relacionar
aspectos da terceira idade com alienígenas, sem que parecesse o suprassumo do
absurdo (o filme, até o que me lembro, é bom, emocionando em alguns momentos).
Nos anos 90 seu Apollo 13 tem seu valor, quase ganhou melhor filme naquele ano
(mas numa boa, entre Tom Hanks com seu Houston, we have a problem e Mel Gibson em Coração Valente berrando
Freeeeeeeedoooom! sou mais o segundo). O problema todo, a meu ver, foi com o
filme que para muitos é seu mais belo filme. Para mim, Uma Mente Brilhante é
superestimado, é um bom filme e só. Claro, Ron Howard tem amigos, é influente,
vive em meio a tubarões tipo Spielberg (sacou?), George Lucas e isso pode ter
pesado para ganhar o Oscar de melhor diretor e filme no Oscar 2002, superando A
Sociedade do Anel, Moulin Rouge. Mas para mim, seu melhor filme em anos ainda é
o pequeno achado Frost/Nixon, um filme que esse sim, se ganhasse mais
prêmios não seria injusto.
Em Frost/Nixon
observamos de um lado o popular apresentador britânico David Frost. Popular,
playboy dito por alguns, entrevistador de variedades pelas más línguas. De
outro, o recém-renunciado Richard Nixon que, em nenhum momento, reconheceu a
sujeira realizada em seu governo, especialmente no famoso caso Watergate. Frost
acredita que uma entrevista com ele poderá ser um divisor de águas para sua
carreira, embora a entrevista só valesse de fato a pena se Nixon baixasse a
guarda e reconhecesse seus erros, pedisse desculpa ao povo americano pela
vergonha, constrangimento e desilusão que o fez passar.
Ron
Howard é habilidoso ao filmar parte do longa de forma lenta, mais que o habitual,
uma maneira relacionada com a forma que Nixon dava suas entrevistas para Frost,
basicamente o enrolando e fugindo sempre do assunto. Revendo o filme é curioso
observar como inicialmente, quando no momento que Frost observa Nixon e sua
renúncia, é curioso observar como Frost é filmado com uma câmera baixa, criando
um ângulo de falsa superioridade para Frost, algo que ao longo do filme não
iria mais ocorrer, pela imposição de Nixon. Mais do que isso, das primeiras
entrevistas Nixon é sempre sorridente e o foco nas pessoas é presente. Quando
da última entrevista, a câmera é direta: as pessoas são plenamente desfocadas,
elas não têm a mesma importância para um presidente renunciado, abatido,
destroçado, solitário e que será assombrado até o fim de sua vida, em 1994 (o que
chega a ser no mínimo irônico que, no meio de todo abatimento, Nixon dê atenção
a um cachorro de raça, que estava próximo à saída de onde eram gravadas as
entrevistas). No fim das contas ainda é possível observar David Frost como o
que se fala de alguns atores que são especialistas em algum gênero. O fato de
serem especialistas não os menospreza ou elimina a chance de exercerem
diferentes aspectos de sua profissão. Assim como Jim Carrey (apenas para citar
um exemplo, bem básico) surpreendeu com seus filmes O Show de Truman e O Mundo
de Andy, em que o aspecto dramático do personagem é muito maior que o tom
humorístico, é possível notar que David Frost é um apresentador nato.
Apresentador das multidões, de matérias mais descontraídas, o que não o impediu,
a duras penas e quase desacreditado, de desbancar um presidenciável de blindagem
quase inquebrável.
Frost/Nixon, no fim das contas,
funciona perfeitamente com uma sessão dupla, sendo a inicial o clássico Todos
os Homens do Presidente. Isoladamente, é um ótimo filme sobre política, sobre
embates, sobre a falsa revolução americana, sobre enfim, a busca da entrevista
impossível. E às vezes para isso tudo conta. Nem que seja uma ligação de
madrugada para falar de x-burguer. Ou seria hambúrguer? Ou ainda sobre política
e amargura de um velho bêbado? Veja (ou reveja) o filme e tire suas
conclusões, o filme vale a pena. Muito.
Rua
América, 308 – Auxiliadora – Porto Alegre/RS
Fone:
(51) 3207 9400
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