Vocês
que conhecem o Cinéfilos
Famintos sabem, a gente procura ser o mais sincero possível sobre
nossas experiências, sejam elas boas ou ruins. E sempre damos margem para os
estabelecimentos se posicionarem, opinarem e tudo mais, sempre foi assim. Mas
qual o motivo de falar tudo isso? Bom, tivemos um problema com o Tirol Unique,
que prontamente sabedouro da falha, tratou de corrigir... como é muito ruim
ficar frustrado após uma experiência gastronômica, é também muito bom ver que o
estabelecimento reconhece seus erros e faz de tudo para reparar tal falha,
mantendo seu cliente frequente... e assim começa, meio que de improviso, essa
matéria.
Em
uma bela tarde de domingo de GRE-NAL, a Luciana se dirigiu ao Bourbon Wallig, e
passou no Tirol
Unique da praça de alimentação. Queria batatas fritas. Mais, queria
batatas noisette... mais do que isso, queria duas porções de fritas e também
batatas noisettes... sim, porque a gente é faminto, não é apenas na
nomenclatura do blog! Mas seguimos: ela pediu as 3 porções grandes, as maiores
que tinham, que vêm em torno de 500gr em cada porção.
Chegando
em casa, qual não foi a surpresa que as embalagens estavam mais leves que o
habitual. O leitor poderá dizer: mas como não notou na hora? Bom, a Luciana
estava com outras sacolas e compras, ficou complicado perceber isso de cara.
Mas tão logo parou, sentiu as embalagens leves. E ao abrir, foi nítido... tinha
muito, mas muito menos que a metade do que havia sido solicitado inicialmente,
e juntando o conteúdo das 3 embalagens mal encheu uma.
Imediatamente
tentamos entrar em contato com o telefone do Tirol do Bourbon Wallig, um
telefone o qual só chamava ou dava como ocupado, um telefone que, na melhor das
expressões e para ser educado, não adianta em coisa alguma, pois ninguém
atendeu ao longo de 30, 40, 50 minutos e mais de 10, 20 chamadas (é bom lembrar
que nos dias seguintes a situação se repetiu). Ainda fizemos uma queixa no
facebook do Tirol, mas sem resultado.
Daí
que no terceiro dia após o ocorrido, mesmo na correria do cotidiano, a Luciana
conseguiu entrar em contato com o SAC do Tirol. Foi muito, mas muito bem
atendida pela Adriana, que passou todos os detalhes de como proceder e ainda dando
apoio à reclamação, pois era nítido que não era uma enganação da Luciana ou dos
Cinéfilos
Famintos por mais comida... não é por um punhado de amarelinhas a
mais, é pelo que foi pago e que por direito seria nosso.
E
pouco tempo depois do registro entrou em contato o Sr. Zeca. Se identificando
como proprietário do Tirol, pediu dezenas de desculpas, lamentou imensamente o ocorrido,
falou que o cozinheiro era empregado novo, e que era uma norma, independente
das filiais, que a quantidade e qualidade do alimento deve ser a mesma, igual
para todos. Pediu novamente desculpas e, mesmo que em NENHUM MOMENTO, houvesse
um pedido da nossa parte, deixou claro que a qualquer hora do dia ou da noite,
enquanto o Tirol
Unique do Bourbon Wallig estivesse aberto, a Luciana poderia passar
lá e resgatar duas porções de batatas fritas e uma de batata noisette, que
estaria disponível no nome dela sem nenhum custo adicional.
Passaram
uns dias e claro, a Luciana foi lá. Já no domingo seguinte.
Fui
prontamente atendida pelo caixa e ainda conversei com o Sr. Roberto (acho que
gerente da filial), que se desculpou pelo ocorrido e pediu que eu aguardasse
que fariam as porções. Dessa vez eu percebi de pronto que o peso da sacola era
condizente com o conteúdo. Chegando em casa fui conferir!
As
batatas do Tirol
são ótimas, quentinhas, na medida. E sim, dessa vez bem servidas, como era
nosso desejo inicial!
Reparem
nas noisettes,
a mais nova paixão da Luciana!
E
as fritas,
hein?
E
quando abri essas embalagens me lembrei que tinha na geladeira uma Royal Black
da Dado
Bier, bem geladinha. Resultado?? Fiz a festa antes mesmo que o Maza
resolvesse aparecer... rsrsrs
Dito
isso, o Tirol
Unique está de parabéns sim. É tão comum as empresas errarem e
fazerem pouco caso. No caso do Tirol não foi o que aconteceu. Erraram,
admitiram a falha e trataram de corrigi-la no menor prazo possível... são
empresas assim, como o Tirol, com o padrão Tirol de qualidade, que se
diferenciam no mercado, por valorizarem seus clientes. Falhas podem acontecer a
todo o momento, a diferença está em como tratá-las, com indiferença ou na
procura imediata e contínua de repará-las... o Tirol optou pela segunda
alternativa. Fica mais uma vez registrado os nossos parabéns!
E
já que recentemente entrou em cartaz um filme do Johnny Depp, ator que a
Luciana considera pacas (não, não vimos Cavaleiro Solitário e assim, não
trataremos dele), achamos que era o momento de relembrar de um filme dele, anos
antes da fase Jack Sparrow: O Último Portal, do final dos anos 90!
Ao
assistir pela primeira vez ao filme O
Último Portal eu já fiquei encantada. Quando descobri que era
baseado em um livro, tratei logo de comprá-lo e devorei cada página dele.
Trata-se do livro O Clube Dumas, de Arturo Perez-Reverte. O livro,
além da história apresentada no filme, ainda conta com algumas (várias) tramas
paralelas, uma leitura super recomendada.
A
ideia inicial desta crítica era traçar um paralelo entre as duas obras, livro e
filme. Mas me abstenho dessa tarefa, já que ao analisá-los em separado, percebi
que seria praticamente impossível escrever sobre os dois ao mesmo tempo sem
denegrir o filme. Infelizmente a adaptação é precária e deixa muito a desejar.
Logo, optei por falar apenas do filme, que é excelente. E recomendo a leitura
do livro, tanto quanto recomendo o filme.
Dirigido
por Roman Polanski, O Último Portal (que
pela tradução do título original seria O
Nono Portal) tem uma das aberturas mais interessantes a que já
assisti. Depois de acompanhar o suicídio de um importante personagem para a
trama, a câmera nos leva a um passeio pelas estantes repletas de livros de sua
biblioteca, e através do espaço onde anteriormente estava colocado o As
Nove Portas do Reino das Sombras, ela nos leva a atravessar exatas nove
portas, enquanto nos apresenta os créditos iniciais do filme.
Nosso
personagem principal é Dean Corso (Johnny Depp), um mercenário do campo da
bibliofilia. Corso (como vou chamá-lo a partir de agora) é um intermediário,
digamos assim, entre os livreiros mais conhecidos, os renomados colecionadores,
e é claro como não poderia deixar de ser, as famílias de renomados
colecionadores recém-falecidos. E tudo isso movido a uma boa comissão.
Ao
ser contratado por Boris Balkan (Frank Langella) para supostamente provar a
autenticidade de seu exemplar recém-adquirido de As Nove Portas,
Corso embarca em uma aventura pela qual jamais imaginaria passar. Balkan é um
bibliófilo aficionado por obras que adoram a um único personagem: o demônio.
Depp
se mostra, como sempre, totalmente entregue ao personagem. Ele está excelente!
É um “ator camaleão”, assumindo as emoções, trejeitos, olhares de seu
personagem de forma que cheguemos a duvidar se é mesmo uma interpretação, ou se
ele está sendo totalmente natural.
Além
da atuação de Johnny Depp, vale destacar a de Frank Langella. No papel do
misterioso Boris Balkan, sua atuação se mostra bastante acertada. Discreto, mas
decidido, Langella cria um personagem que se impõe no filme, até mesmo quando
não está em cena, como nos casos em que apenas escutamos sua voz através de
seus contatos telefônicos com Corso. Percebemos em poucas palavras quando ele
está tranquilo ou bastante irritado com a situação. Nesse segundo ponto há algo
a ser destacado: quando do roubo do livro, ao invés de ir para o clichê
habitual e esbravejar e ameaçar o investigador, Balkan apenas muda seu tom de
voz, e mesmo com sua fala pausada e calma, é o suficiente para sentirmos medo
de com quem Corso realmente está lidando.
Esse
livro, As Nove Portas do Reino das Sombras, que segundo dizem foi
escrito por Aristide Torchia em coautoria com o próprio Lúcifer – Torchia teria
adaptado as nove gravuras do livro a partir das gravuras feitas por Lúcifer – é
um dos únicos três exemplares que se salvaram quando o autor foi queimado na
fogueira junto com sua obra. As outras duas cópias estão em poder de outros
dois colecionadores, Victor Fargas e a Baronesa Kessler. Esta de Balkan lhe foi
vendida por Telfer pouco tempo antes de o mesmo cometer suicídio. As nove
gravuras do livro, se bem interpretadas e seguidas de um ritual, teriam o poder
de invocar o Príncipe das Trevas.
A
fim de começar suas pesquisas sobre o livro, Corso decide primeiramente visitar
a viúva Telfer para obter mais informações, mas depois disso, coisas estranhas
começam a acontecer. Logo ele decide deixar o livro sob a guarda de seu amigo
Bernie (James Russo), dono de uma loja de livros raros. Podemos perceber que
nesse momento eles são espreitados por um “par de pernas de tênis” através de
um vitrô da loja.
Liana
Telfer logo tenta reaver o livro vendido pelo falecido marido, e é a partir daí
que Corso começa a perceber que o que parecia um simples trabalho, pode vir a
lhe custar a vida. Depois do acontecido ele resolve resgatar o livro e mantê-lo
a salvo consigo.
Durante
suas buscas por informações sobre o livro ele esbarra com uma garota misteriosa
(Emanuelle Seigner, esposa de Polanski), que entra e sai de cena como num
estalar de dedos. Esses “encontros casuais” passam a ocorrer com maior
frequência, fazendo com que ele imagine estar sendo realmente seguido pela
garota. Mas aos poucos ele começa a perceber a importância dela em tudo o que
acontece, mesmo que não entenda o porquê.
Entretanto,
é frustrante observar a atuação de Emmanuelle Seigner. Sua personagem sem nome
(ou simplesmente "The Girl", para não soltar big spoilers) sempre que
aparece tem uma presença vazia e indiferente, não criando nenhuma ligação com o
espectador, o que acaba sendo decepcionante, visto que seu papel é fundamental
no filme.
Depois
de analisar a fundo a cópia de Balkan, Corso parte em busca das outras duas
cópias. Verifica primeiramente a de Fargas e percebe que há diferenças
importantes entre as gravuras dos dois livros. A próxima parada é o escritório
da Baronesa Kessler, onde ele percebe que além de a cópia dela também
apresentar diferenças, as coisas estão ficando cada vez mais perigosas.
Comparando as figuras dos três exemplares, ele compreende que além das diferenças
algumas são assinadas por Torchia, enquanto outras, por LCF.
Vale
lembrar que tanto Fargas quanto a secretária da baronesa receberam ligações
enquanto Corso estava no local. Seria para se certificarem de que ele estaria
realmente ali naquele momento?
Aos
poucos as coisas vão se complicando, e é quando o livro lhe é roubado. Certo de
que Liana é a responsável por isso e na companhia da estranha garota, ele parte
na tentativa de recuperar o livro. Tudo o que é possível acontece a partir daí,
desde presenciar uma seita misteriosa para adorar ao demônio até um estranho
encontro com o verdadeiro responsável por tudo o que vinha ocorrendo.
Depois
de assistir a uma bizarra tentativa de invocação ao Príncipe das Trevas, Corso
é levado a uma experiência pra lá de estranha. Aliás, acontecimentos estranhos
não faltam nesse filme. Personagens estranhos também não. E o desfecho? Não
poderia deixar de ser o mais incomum possível.
Além
da brilhante direção de Polanski, é importante ressaltar mais dois aspectos do
filme. A trilha sonora de Wojciech Kilar é muito adequada ao tema da obra, uma
música por vezes clássica e até erudita, que funciona muito bem, tanto nas
cenas em que a câmera atravessa os locais, objetos e ambientes em que Corso
transita, como também nos momentos de suspense, onde ela fica mais forte e
alta, vibrante por vezes. Além disso, um dos maiores méritos do filme é o
magnífico trabalho de fotografia de Darius Khondji. Em se tratando de um filme
que fala diretamente do demônio, Lúcifer e outros, o tom fortemente avermelhado
da película reforça ainda mais as questões presentes desde o início do filme,
tais como mortes, tensão constante e crescente, e obviamente o mais importante
de todos os pontos, a recorrente lembrança de que o inferno está sempre
atrelado ao calor extremo. E nisso, a fotografia acerta em cheio em boa parte
do filme, incluindo seu emblemático terceiro ato e junto ao clímax.
O Último Portal não deixa dúvidas de que é um excelente
filme. Mesmo este tendo sido lançado na era tecnológica, o cineasta ao lançá-lo
quis nos mostrar o quão importante os livros são para ele, e o filme se torna
melhor ainda para quem é como ele, fã de livros e que gosta de colecioná-los.
Na entrevista de Polanski, nos extras do DVD ele comenta que na cena em que
Corso encontra um exemplar de Don Quixote de 1780, o exemplar
usado é o original, emprestado por um colecionador.
E
por mais que não cheguemos a entender todos os seus acontecimentos, chegamos ao
seu final com a sensação de ter apreciado uma bela obra de suspense noir, com
ótimas atuações e com muitos mistérios.
Obs.: Esta crítica/resenha
foi publicada originalmente no Fila K em 26/06/2011.
Av.
Assis Brasil, 2611 – 4º Piso – Shopping Bourbon Wallig – Porto Alegre/RS
Fone:
(51) 3061 7091 / Matriz: (51) 3231 8000
Horário
de funcionamento: Diariamente das 10h às 22h
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