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05/09/2013

Tirol Unique – Bourbon Wallig


Vocês que conhecem o Cinéfilos Famintos sabem, a gente procura ser o mais sincero possível sobre nossas experiências, sejam elas boas ou ruins. E sempre damos margem para os estabelecimentos se posicionarem, opinarem e tudo mais, sempre foi assim. Mas qual o motivo de falar tudo isso? Bom, tivemos um problema com o Tirol Unique, que prontamente sabedouro da falha, tratou de corrigir... como é muito ruim ficar frustrado após uma experiência gastronômica, é também muito bom ver que o estabelecimento reconhece seus erros e faz de tudo para reparar tal falha, mantendo seu cliente frequente... e assim começa, meio que de improviso, essa matéria.

Em uma bela tarde de domingo de GRE-NAL, a Luciana se dirigiu ao Bourbon Wallig, e passou no Tirol Unique da praça de alimentação. Queria batatas fritas. Mais, queria batatas noisette... mais do que isso, queria duas porções de fritas e também batatas noisettes... sim, porque a gente é faminto, não é apenas na nomenclatura do blog! Mas seguimos: ela pediu as 3 porções grandes, as maiores que tinham, que vêm em torno de 500gr em cada porção.

Chegando em casa, qual não foi a surpresa que as embalagens estavam mais leves que o habitual. O leitor poderá dizer: mas como não notou na hora? Bom, a Luciana estava com outras sacolas e compras, ficou complicado perceber isso de cara. Mas tão logo parou, sentiu as embalagens leves. E ao abrir, foi nítido... tinha muito, mas muito menos que a metade do que havia sido solicitado inicialmente, e juntando o conteúdo das 3 embalagens mal encheu uma.

Imediatamente tentamos entrar em contato com o telefone do Tirol do Bourbon Wallig, um telefone o qual só chamava ou dava como ocupado, um telefone que, na melhor das expressões e para ser educado, não adianta em coisa alguma, pois ninguém atendeu ao longo de 30, 40, 50 minutos e mais de 10, 20 chamadas (é bom lembrar que nos dias seguintes a situação se repetiu). Ainda fizemos uma queixa no facebook do Tirol, mas sem resultado.

Daí que no terceiro dia após o ocorrido, mesmo na correria do cotidiano, a Luciana conseguiu entrar em contato com o SAC do Tirol. Foi muito, mas muito bem atendida pela Adriana, que passou todos os detalhes de como proceder e ainda dando apoio à reclamação, pois era nítido que não era uma enganação da Luciana ou dos Cinéfilos Famintos por mais comida... não é por um punhado de amarelinhas a mais, é pelo que foi pago e que por direito seria nosso.

E pouco tempo depois do registro entrou em contato o Sr. Zeca. Se identificando como proprietário do Tirol, pediu dezenas de desculpas, lamentou imensamente o ocorrido, falou que o cozinheiro era empregado novo, e que era uma norma, independente das filiais, que a quantidade e qualidade do alimento deve ser a mesma, igual para todos. Pediu novamente desculpas e, mesmo que em NENHUM MOMENTO, houvesse um pedido da nossa parte, deixou claro que a qualquer hora do dia ou da noite, enquanto o Tirol Unique do Bourbon Wallig estivesse aberto, a Luciana poderia passar lá e resgatar duas porções de batatas fritas e uma de batata noisette, que estaria disponível no nome dela sem nenhum custo adicional.

Passaram uns dias e claro, a Luciana foi lá. Já no domingo seguinte.

Fui prontamente atendida pelo caixa e ainda conversei com o Sr. Roberto (acho que gerente da filial), que se desculpou pelo ocorrido e pediu que eu aguardasse que fariam as porções. Dessa vez eu percebi de pronto que o peso da sacola era condizente com o conteúdo. Chegando em casa fui conferir!


As batatas do Tirol são ótimas, quentinhas, na medida. E sim, dessa vez bem servidas, como era nosso desejo inicial!


Reparem nas noisettes, a mais nova paixão da Luciana!


E as fritas, hein?


E quando abri essas embalagens me lembrei que tinha na geladeira uma Royal Black da Dado Bier, bem geladinha. Resultado?? Fiz a festa antes mesmo que o Maza resolvesse aparecer... rsrsrs


Dito isso, o Tirol Unique está de parabéns sim. É tão comum as empresas errarem e fazerem pouco caso. No caso do Tirol não foi o que aconteceu. Erraram, admitiram a falha e trataram de corrigi-la no menor prazo possível... são empresas assim, como o Tirol, com o padrão Tirol de qualidade, que se diferenciam no mercado, por valorizarem seus clientes. Falhas podem acontecer a todo o momento, a diferença está em como tratá-las, com indiferença ou na procura imediata e contínua de repará-las... o Tirol optou pela segunda alternativa. Fica mais uma vez registrado os nossos parabéns!

E já que recentemente entrou em cartaz um filme do Johnny Depp, ator que a Luciana considera pacas (não, não vimos Cavaleiro Solitário e assim, não trataremos dele), achamos que era o momento de relembrar de um filme dele, anos antes da fase Jack Sparrow: O Último Portal, do final dos anos 90!

Ao assistir pela primeira vez ao filme O Último Portal eu já fiquei encantada. Quando descobri que era baseado em um livro, tratei logo de comprá-lo e devorei cada página dele. Trata-se do livro O Clube Dumas, de Arturo Perez-Reverte. O livro, além da história apresentada no filme, ainda conta com algumas (várias) tramas paralelas, uma leitura super recomendada.


A ideia inicial desta crítica era traçar um paralelo entre as duas obras, livro e filme. Mas me abstenho dessa tarefa, já que ao analisá-los em separado, percebi que seria praticamente impossível escrever sobre os dois ao mesmo tempo sem denegrir o filme. Infelizmente a adaptação é precária e deixa muito a desejar. Logo, optei por falar apenas do filme, que é excelente. E recomendo a leitura do livro, tanto quanto recomendo o filme.

Dirigido por Roman Polanski, O Último Portal (que pela tradução do título original seria O Nono Portal) tem uma das aberturas mais interessantes a que já assisti. Depois de acompanhar o suicídio de um importante personagem para a trama, a câmera nos leva a um passeio pelas estantes repletas de livros de sua biblioteca, e através do espaço onde anteriormente estava colocado o As Nove Portas do Reino das Sombras, ela nos leva a atravessar exatas nove portas, enquanto nos apresenta os créditos iniciais do filme.

Nosso personagem principal é Dean Corso (Johnny Depp), um mercenário do campo da bibliofilia. Corso (como vou chamá-lo a partir de agora) é um intermediário, digamos assim, entre os livreiros mais conhecidos, os renomados colecionadores, e é claro como não poderia deixar de ser, as famílias de renomados colecionadores recém-falecidos. E tudo isso movido a uma boa comissão.

Ao ser contratado por Boris Balkan (Frank Langella) para supostamente provar a autenticidade de seu exemplar recém-adquirido de As Nove Portas, Corso embarca em uma aventura pela qual jamais imaginaria passar. Balkan é um bibliófilo aficionado por obras que adoram a um único personagem: o demônio.

Depp se mostra, como sempre, totalmente entregue ao personagem. Ele está excelente! É um “ator camaleão”, assumindo as emoções, trejeitos, olhares de seu personagem de forma que cheguemos a duvidar se é mesmo uma interpretação, ou se ele está sendo totalmente natural.

Além da atuação de Johnny Depp, vale destacar a de Frank Langella. No papel do misterioso Boris Balkan, sua atuação se mostra bastante acertada. Discreto, mas decidido, Langella cria um personagem que se impõe no filme, até mesmo quando não está em cena, como nos casos em que apenas escutamos sua voz através de seus contatos telefônicos com Corso. Percebemos em poucas palavras quando ele está tranquilo ou bastante irritado com a situação. Nesse segundo ponto há algo a ser destacado: quando do roubo do livro, ao invés de ir para o clichê habitual e esbravejar e ameaçar o investigador, Balkan apenas muda seu tom de voz, e mesmo com sua fala pausada e calma, é o suficiente para sentirmos medo de com quem Corso realmente está lidando.


Esse livro, As Nove Portas do Reino das Sombras, que segundo dizem foi escrito por Aristide Torchia em coautoria com o próprio Lúcifer – Torchia teria adaptado as nove gravuras do livro a partir das gravuras feitas por Lúcifer – é um dos únicos três exemplares que se salvaram quando o autor foi queimado na fogueira junto com sua obra. As outras duas cópias estão em poder de outros dois colecionadores, Victor Fargas e a Baronesa Kessler. Esta de Balkan lhe foi vendida por Telfer pouco tempo antes de o mesmo cometer suicídio. As nove gravuras do livro, se bem interpretadas e seguidas de um ritual, teriam o poder de invocar o Príncipe das Trevas.




A fim de começar suas pesquisas sobre o livro, Corso decide primeiramente visitar a viúva Telfer para obter mais informações, mas depois disso, coisas estranhas começam a acontecer. Logo ele decide deixar o livro sob a guarda de seu amigo Bernie (James Russo), dono de uma loja de livros raros. Podemos perceber que nesse momento eles são espreitados por um “par de pernas de tênis” através de um vitrô da loja.

Liana Telfer logo tenta reaver o livro vendido pelo falecido marido, e é a partir daí que Corso começa a perceber que o que parecia um simples trabalho, pode vir a lhe custar a vida. Depois do acontecido ele resolve resgatar o livro e mantê-lo a salvo consigo.

Durante suas buscas por informações sobre o livro ele esbarra com uma garota misteriosa (Emanuelle Seigner, esposa de Polanski), que entra e sai de cena como num estalar de dedos. Esses “encontros casuais” passam a ocorrer com maior frequência, fazendo com que ele imagine estar sendo realmente seguido pela garota. Mas aos poucos ele começa a perceber a importância dela em tudo o que acontece, mesmo que não entenda o porquê.

Entretanto, é frustrante observar a atuação de Emmanuelle Seigner. Sua personagem sem nome (ou simplesmente "The Girl", para não soltar big spoilers) sempre que aparece tem uma presença vazia e indiferente, não criando nenhuma ligação com o espectador, o que acaba sendo decepcionante, visto que seu papel é fundamental no filme.


Depois de analisar a fundo a cópia de Balkan, Corso parte em busca das outras duas cópias. Verifica primeiramente a de Fargas e percebe que há diferenças importantes entre as gravuras dos dois livros. A próxima parada é o escritório da Baronesa Kessler, onde ele percebe que além de a cópia dela também apresentar diferenças, as coisas estão ficando cada vez mais perigosas. Comparando as figuras dos três exemplares, ele compreende que além das diferenças algumas são assinadas por Torchia, enquanto outras, por LCF.


Vale lembrar que tanto Fargas quanto a secretária da baronesa receberam ligações enquanto Corso estava no local. Seria para se certificarem de que ele estaria realmente ali naquele momento?

Aos poucos as coisas vão se complicando, e é quando o livro lhe é roubado. Certo de que Liana é a responsável por isso e na companhia da estranha garota, ele parte na tentativa de recuperar o livro. Tudo o que é possível acontece a partir daí, desde presenciar uma seita misteriosa para adorar ao demônio até um estranho encontro com o verdadeiro responsável por tudo o que vinha ocorrendo.

Depois de assistir a uma bizarra tentativa de invocação ao Príncipe das Trevas, Corso é levado a uma experiência pra lá de estranha. Aliás, acontecimentos estranhos não faltam nesse filme. Personagens estranhos também não. E o desfecho? Não poderia deixar de ser o mais incomum possível.

Além da brilhante direção de Polanski, é importante ressaltar mais dois aspectos do filme. A trilha sonora de Wojciech Kilar é muito adequada ao tema da obra, uma música por vezes clássica e até erudita, que funciona muito bem, tanto nas cenas em que a câmera atravessa os locais, objetos e ambientes em que Corso transita, como também nos momentos de suspense, onde ela fica mais forte e alta, vibrante por vezes. Além disso, um dos maiores méritos do filme é o magnífico trabalho de fotografia de Darius Khondji. Em se tratando de um filme que fala diretamente do demônio, Lúcifer e outros, o tom fortemente avermelhado da película reforça ainda mais as questões presentes desde o início do filme, tais como mortes, tensão constante e crescente, e obviamente o mais importante de todos os pontos, a recorrente lembrança de que o inferno está sempre atrelado ao calor extremo. E nisso, a fotografia acerta em cheio em boa parte do filme, incluindo seu emblemático terceiro ato e junto ao clímax.

O Último Portal não deixa dúvidas de que é um excelente filme. Mesmo este tendo sido lançado na era tecnológica, o cineasta ao lançá-lo quis nos mostrar o quão importante os livros são para ele, e o filme se torna melhor ainda para quem é como ele, fã de livros e que gosta de colecioná-los. Na entrevista de Polanski, nos extras do DVD ele comenta que na cena em que Corso encontra um exemplar de Don Quixote de 1780, o exemplar usado é o original, emprestado por um colecionador.


E por mais que não cheguemos a entender todos os seus acontecimentos, chegamos ao seu final com a sensação de ter apreciado uma bela obra de suspense noir, com ótimas atuações e com muitos mistérios.


Obs.: Esta crítica/resenha foi publicada originalmente no Fila K em 26/06/2011.


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