Sexta-feira.
Uma semana exaustiva, puxada, cansativa. No fim de tarde, perco o bus. O
próximo só passa 30 minutos depois, cheio. Fico mais cansado ainda, me
arrastando. Quase sem vontade de fazer mais nada. Eis que encontro a amiga
Luciana e ela me avisa: tenho cupom de compra coletiva. E não precisa agendar.
E é aqui por perto. No El Viejo Panchos. No Panchos, aquele famoso
pela carne uruguaia de primeira, feita em uma Parrilla para dar inveja a
qualquer um? Ok, topo fazer esse esforço, vamos para lá.
A fachada
é bem luminosa, tanto que não conseguimos captar o nome do local na entrada.
De
cara, pegamos um local mais afastado da parrilla, mas que ainda assim era
possível avistar toda aquela beleza sendo feita lá no fundo, com direito a
observar várias camisas de clubes de futebol à mostra.
Não
pedimos nada ainda, mas já observamos os temperos na mesa, molho vinagrete, chimichurri
e outro com mais pimenta, deliciosos.
Logo
que chegamos notamos que tinha algo ainda mais bacana no local, o atendimento. Fomos
de cara recepcionados pelo Brian e olha, faço um paralelo com um comentário que
o amigo @clickfilmes fez sobre Jean Dujardin em O Artista: esse Brian deve ter
tomado banhos e banhos de carisma na infância, só assim para explicar a
presença do garçom, muito gente boa, explicando os pratos, fazendo piadas sem
parecerem artificiais, e assim por diante: atendimento assim ganha pontos
comigo.
Não
sei ao certo se foi o espírito da sexta-feira chegando, da previsão de chuva
logo ali adiante (o que SEMPRE me deixa mais alegre, SEMPRE), se foi o
atendimento, ou seja lá o que for, mas o cansaço passou, surgiu outra coisa no
lugar, aquela vontade de jantar bem. E com uma parrilla dessas, não tem como
resistir.
Nosso
pedido dava direito ao matambre a la
Panchos (aberto) ou Relleno (enrolado) ... fomos de matambre a La
Panchos, com queijo, pimentão, azeitona e outros... sim, acredito
que aquelas generosas fatias que vimos no canto direito da foto acima eram os
nossos matambres...
Mas
vamos só nisso? Não, acabou o cansaço e entrou o espírito de jantar bem. Melhor
dizendo, aquele espírito do bem, o de comer como se não houvesse amanhã. Garçom
gente boa, anote o nosso pedido: manda ver uma salsicha parrillera daquelas no
capricho! E chegou... ele disse que era para a linguiça ter vindo enroladinha, mas
a essa altura, isso não importava muito...
Vamos
também de papas fritas com, com... generosa porção de amarelinhas com cebolas!
Um arroz branco
para acompanhar...
E
nosso matambre!
Aqui
uma pausa, esse momento merece.
Fim
da pausa.
Desde
pequeno escuto que matambre é uma carne deliciosa, mas que precisa cortar em
fatias fininhas porque é mais difícil de cortar, de mastigar... devo dizer que
fui enganado durante boa parte da minha infância. Ou fui enganado, ou esses
uruguaios parrilleños são mágicos, ‘PQP, QUE MATAMBRE MACIO, QUE SABOR
INCALCULÁVEL!’ Você sabe o Ratatouille, o filme? Quando o crítico gastronômico
prova o prato que dá nome ao filme e isso remete, de forma sensorial aos seus
tempos de criança? Pois é, consegui compreender perfeitamente o que ele sentiu
provando esse matambre!
Miseravelmente
não tiramos fotos das Heineken’s que estavam estupidamente geladas, mas... vamos
ao ataque (tem só a minha foto aqui, mas a Luciana também estava destruindo,
não tanto quanto eu...deve estar de regime, problema é dela...rs ... ou melhor,
de tanto eu dizer que ela deve estar de regime, vai acabar sobrando pra mim...
rsrsrs ela é tão boa de garfo quanto eu!)!
Agora
digo, se não bastasse tudo isso, eu de cara pedi mais uma coisa, que até levou
um tempinho a mais para chegar à mesa, estava estranhando, mas tudo bem,
finalmente chegou aquilo que fiz como se fosse minha sobremesa, meu pancho com
queijo mussarela e salsicha!
Quis
pegar leve, mas tinha de linguiça e com bacon... meu coração agradeceu ter
optado por este: pão macio, queijo bem derretido, um espetáculo um ES PE TÁ CU
LO!
Olha,
só perde para a do El Cuervo, mas
ali também é covardia, mas esse estava confirmado idem!
Como
a Luciana estava pegando leve, obviamente sobrou comida, devidamente embalada.
Nossa
conta toda
ficou em torno de 75 reais, incluindo os cupons dos matambres (e sem promoção tudo ficaria na faixa de 100 reais). Fui
para casa e dormi feito rei. E houve o amanhã. E depois de amanhã, e depois e
depois...
P.S.:
o Brian e sua equipe eram tão gente boa que até nos convidaram a tirar fotos
junto à parrilla, mas, para alegria dos leitores, vamos poupá-los de tais
imagens...rsssss
Essa
coisa dos filmes, do cinema, da imagem em movimento, uma entre tantas coisas
que me fascinam são justamente a coisa lírica da imagem. Muitas vezes o
entendimento de uma obra é algo subjetivo, em segundo plano e o não
esclarecimento de questões abordadas no filme não quer dizer necessariamente
que a obra não seja de qualidade. Dito isso, devo dizer o quanto considero
singular a obra de David Lynch. De Eraserhead a Veludo Azul, passando pelo
seriado Twin Peaks até o seu magistral Mulholland Drive (vulgo Cidade dos
Sonhos), sua obra sempre deixa questões no ar, o entendimento nunca é de 100%
da obra. Assim, me lembrei de um filme que miseravelmente entrou em apenas 1
cinema de Porto Alegre, ficou só uma semana e saiu de cartaz, e assim sendo,
tive que ver em casa: Império dos
Sonhos.
Se
você teve dificuldades para compreender Cidade dos Sonhos, entenda que esse
filme é barbada perto do ‘Império’. Particularmente não tenho como dizer algo
concreto, uma sinopse do filme. Envolve Laura Dern em vários papéis distintos
(alguns dizem que ela interpreta 3 personagens diferentes, outros 4... se fuçar
bem, terão aqueles que afirmarão que são 5 papéis diferentes), uma família de
coelhos trabalhadores e que assistem seu sitcom na TV, imagens desconexas,
momentos de tensão e mais, um ou outro momento que me fez pensar o quanto
assombroso e sombrio seria ver David Lynch dirigindo um remake como O Bebê de
Rosemary, Carrie, entre outros. Seu desfecho (se é que existe desfecho) é
alegre, ritmado e com uma ou outra participação de atores de filmes anteriores.
Não interessa se você entenderá o filme ou não, como alguém já disse certa vez
(acho até que o próprio Lynch): ‘eu não faço filmes para as pessoas entenderem,
e sim para elas verem’. Vejam, revejam e assim por diante... Lynch não é para
todos, é para poucos, tentem fazer parte desse honroso grupo de poucos.
Update by Lu: Recentemente retornarmos ao El Viejo Panchos a fim de experimentarmos o filé mignon deles, realmente uma maravilha. Mas o que realmente nos conquistou foi a torta de sorvete. Gente, o Brahian (espero que agora tenhamos acertado a grafia do nome dele.. rsrsrs) fez toda uma decoração na torta, que resultou nessa delícia que vocês podem ver abaixo. Tudo perfeito!
Avenida
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Fone:
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