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24/04/2013

Amêndoa Champanharia


Dia desses soube de um restaurante de décadas que começou a trabalhar também pela noite (outrora era apenas para almoço). Já fiquei curioso em ir até lá. Agora falou que é nas proximidades da Padre Chagas? Bora lá conhecer o Amêndoa Champanharia!

O ambiente é bem agradável, com mesas com bom espaçamento entre uma e outra...


E sim, tem ainda ambiente externo, para quem curte ficar mais para a calçada, curtindo o clima do momento (bem ao estilo bacana da Padre Chagas/Calçada da Fama e arredores).


Lá dentro a iluminação era toda ao estilo lâmpadas chinesas (pior que acho que não é bem esse nome, peço desculpas pela possível gafe pessoal... e me corrijam caso esteja errado).


Mas gostei mesmo daquele estilo simples e direto, de uma pequena vela acessa na mesa...


E de cara começamos a ser atendidos pelo Alexandre, que nos trouxe duas taças de Espumante Salton Reserva Ouro, na temperatura ideal e tudo mais. Mas sobre isso fala mais a Luciana, que é entendida do riscado: “o espumante mantinha a quantidade adequada de ‘borbulhas’ e era de sabor agradável e marcante, muito bom”.


Falando na Luciana ela foi circular pelo local e verificar outro ambiente, onde faz parte do local de almoço...


Essa ficou um pouco desfocada, mas dá uma boa ideia das opções do restaurante.


Gostei do quadro e melhor ainda aproveitar a imagem para dar uma dica para os clientes que são mais chegados na sobremesa...


Mas dando continuidade à nossa experiência, pedimos de entrada Brusquettas com Lulas marinadas... sabe aquele sabor, aquele pão nem crocante nem molenga, aquele toque especial de azeite, sabe aquela comida que comemos e queremos mais? Poderia ficar pedindo mais entradas como essa por toda a noite!


Poucos minutos após o fim da entrada, já foram chegando os pratos principais: a Luciana foi de risoto de camarão com moranga... ela ficou salivando durante toda a refeição, tamanha sua adoração por moranga... e camarão (graúdo, diga-se de passagem... Amêndoa, toca aqui, nada de camarão minúsculo e escondido), claro!


Aliás, se a pessoa acha que a porção é pequena, saca só a profundidade do pratinho... é muito bem servido!


Eu, já mais discreto, optei por risoto de cepas de cogumelos frescos. Bem saboroso, leve e de sabor agradável. O de camarão era melhor, mas ainda assim o meu ficou na medida, acima da média!


E no prato da Luciana, sobrou algo para contar a história? Bom, na verdade não posso falar muito, comi até a flor que enfeitava meu prato... rsrsrs


‘Aqui Jaz queijo’ (a fome foi mais rápida que o disparo da foto).


Já na segunda taça de espumante, trazida pela simpática e atenciosa Elisa, pensamos: tá tudo muito bom, o Amêndoa tá show de bola... mas tem o compartimento de sobremesa,  ele sempre está aberto para algo mais. E já que falamos na Elisa, chega mais com duas colheres e um Petit Gateau!


Eu poderia descrever o bolinho, a calda, o que aconteceu quando passamos com a colher sobre ele... mas reza lenda que uma imagem vale mais do quem 1000 palavras, logo, fiquem com a imagem a seguir:


Pouco antes de pedirmos a conta veio até nossa mesa a Fernanda, que é uma das responsáveis pelo restaurante, informou que ela e o marido Henrique Hoss agora estão administrando o local e tendo em vista que o marido é Chef, pretendiam mudar um pouco o restaurante, que independente de ser em uma área nobre da cidade o local pretende receber todo e qualquer tipo de cliente, desde a pessoa de terno e gravata até um estilo mais descolado, de bermuda e tênis.

Ela nos comentou que ao meio dia o restaurante funciona com o nome de Amêndoa Restaurante, e pela noite como Amêndoa Champanharia. Eles tiveram essa ideia, pois segundo ela o Henrique queria colocar no cardápio pratos mais estilosos, por assim dizer, de alta gastronomia. Já no almoço eles trabalham com um cardápio selecionado para o dia, bem diversificado e divulgado previamente no site.

E já deu a dica: se gostamos do risoto de camarão e moranga, devemos retornar lá para provar o robalo com creme de espinafre e molho de moscatel! No detalhe, o ogro bebinho alegre com teor alcoólico fazendo efeito o Cinéfilo Faminto e a Fernanda (que a Luciana jura dizer que achou ela muito parecida com a Ingrid Guimarães, tanto no perfil como na voz...).


No fim das contas, toda a noitada gastronômica ficou em pouco menos de 125 reais (sem cupom de compra coletiva ficaria em torno de 175 reais). O Amêndoa Restaurante é uma excelente alternativa que surge para quem quer tomar um espumante de noite, sair com amigos, sair a dois, com família quem sabe... é tudo isso e mais, conheçam que vale muito a pena!

Não é novidade para muitos o meu fascínio, minha plena admiração pelo cinema realizado pelos Irmãos Coen. Barton Fink, Queime Depois de Ler, o remake de Bravura Indômita, o final espetacular -- e que incomoda a muitos – de Um Homem Sério (que por sinal já foi citado aqui no Cinéfilos Famintos). Algumas semanas atrás li o roteiro original de Fargo e fiquei ainda mais interessado em rever a obra. E que obra!


Em Fargo observamos a história de Jerry Lundegaard, vendedor de carros e que para arrecadar uma certa quantia tem a genial ideia (só que não): contratar pessoas para sequestrarem sua pessoa (que é de família rica e que acabaria, na teoria, pagando o resgate). Obviamente as coisas fogem – ao extremo – do controle.


Apesar de indicar, de antemão, que os acontecimentos a seguir serão no mínimo trágicos, Fargo nos apresenta em sua abertura uma pequena ilusão: um plano aberto onde tudo é branco, tudo é claro. Logo após um pássaro irrompe a imagem da região fria e carregada de neve de Fargo. Um carro surge e rompe a aparente tranquilidade. A situação começa. De cara escutamos a maravilhosa Fargo, North Dakota, de Carter Burwell, música que traz um clima de angústia, de melancolia e de falsa redenção à cena, música essa que permeará em diversos momentos a grande obra dos Coen.

Observar William H. Macy em cena é um deleite e tanto. Seu jeito de achar que entende do assunto, que pode estar no controle da situação, seus movimentos fazem parte da caracterização de seu personagem. Mesmo estando em frente a duas pessoas barra-pesada, ele ainda tenta arrancar risadas e negociar com aqueles que irão posteriormente sequestrar sua esposa. Steve Bucemi como Carl, um dos sequestradores e habitual colaborador nos filmes de Joel e Ethan Coen mantém a atuação acima da média como lhe é habitual. E não podemos esquecer-nos de Gaear (interpretado por Peter Stormare, que certamente serviu de inspiração para Ryan Gosling criar seu personagem em Drive): jeito calado, poucos movimentos, mas quando precisa agir, age, muitas vezes fugindo do habitual, e nisso digo que haverá sangue em cena.


Fantástico perceber que, em uma história trágica, com reviravoltas e morte, os Coen deixam sempre claro o elemento em tom vermelho em cena. Seja na própria abertura, com o farol vermelho rompendo a cena, seja em diversos momentos quando observamos Jerry e Carl, sempre há algum tom em vermelho em cena, seja na televisão, na concessionária, no limpador de neve, tudo está em vermelho, tudo reforça a situação de perigo constante que os personagens enfrentam.

E por incrível que pareça, em meio a tantas atuações, observamos uma surpreendente Frances McDormand encarando a policial Marge, policial do vilarejo e grávida de alguns meses, que não se eximi de continuar trabalhando, apesar da ‘carga que é pesada’ e que leva consigo diariamente. Sua personagem se distancia de dezenas de outros filmes policiais por não existir nada de espalhafatoso: aqui a atuação é facilmente observada no movimentos de olhares, em pequenos gestos, no sotaque característico da região (onde yes vira ye, onde jesus vira jess, para citar alguns exemplos).


Outro ponto que me fascina na direção dos Coen em Fargo é que não existe a necessidade de tudo ficar plenamente claro ao espectador, tudo mastigado. Além do tom vermelho já citado, gosto de observar a direção de arte e cenários do filme: observe como a vida de Jerry é mais abastada, por assim dizer: em um pequeno plano observamos Jerry falando e ao fundo do plano, sua casa. Sala de estar ampla, espaço sobrando inclusive para pequenas plantas serem cultivadas no local. A cozinha igualmente ampla, com objetos de utensílios variados. Em oposto a isso, observamos nossa pseudo heroína Marge morar em uma cena menor, apertada, dividida entre patos sendo esculpidos, uma sala de cozinha dividida entre fogão, sala e armários e logo ao lado a porta de saída de sua casa, uma casa apertada para apenas um casal e que está a espera de um herdeiro (não se sabe se a criança será menino ou menina, mas a bola de futebol próximo da porta já denota um elemento dessa família, que está preparada para a criança que virá). São pequenos detalhes que fazem a diferença em um filme.


Entre tantas outras coisas valiosas de Fargo, não pude deixar de notar que em certos momentos existia a transição (passagem de uma cena para outra) envolvendo Jerry e Gaear passando pela a imagem de um Lenhador, imponente. Mesmo que o Lenhador seja símbolo da região, isso seria muito óbvio. Em uma leitura mais ampla, acredito que os Coen queriam passar que no fundo, Jerry, Gaear e o Lenhador são os mesmos em sua natureza: não interessa se fazem o bem ou o mau, eles simplesmente precisam dominar a situação. Jerry nitidamente era um vendedor picareta, que em tudo precisava tirar vantagem, Gaear que simplesmente mata por matar e o Lenhador, que devasta árvore após árvore sem maiores dificuldades. Quando Marge, quase ao término da obra, diz não compreender o motivo das pessoas matarem e tomarem decisões radicais por dinheiro, ali ela não compreende o que os Coen tentam nos passar, com essas transições de cena: Jerry, Gaear e um Lenhador qualquer, todos eles agem sem muita lógica, sem muita razão, agem conforme seu instinto, conforme sua natureza pré-definida. E isso nem sempre trará bons resultados, alguém sairá perdendo.


Utilizando do artifício de pequenas quebras de narrativa com telas pretas em cena, para reforçar o fato de ser baseado em fatos reais e fazendo de forma que cada momento tenha de fato sido realizado a partir de relatos policiais e similares, Fargo é uma obra que reforça a carreira acima da média dos Irmãos Coen. É bem verdade que eles têm Matadores de Velhinhas no currículo, mas muitos dizem que eles são diretores/produtores/roteiristas do tipo ame ou odeie. Sem dúvida alguma estou no clã da primeira alternativa.


Rua Hilário Ribeiro, 290 – Moinhos de Vento – Porto Alegre/RS
Fone: (51) 3346 5635
Horário de funcionamento: 2ª a sábado das 11h30 às 14h30 e de 3ª a sábado das 18h às 23h

2 comentários:

  1. Realmente a Amêndoa Champanharia tem um ambiente muito agradável, é o meu preferido da Pe Chagas ultimamente.

    Percebesse que vocês não têm um paladar muito aguçado para espumantes, vão numa Champanharia e pedem Salton? hehe

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    Respostas
    1. Olá anônimo!

      De repente não ficou claro na matéria, mas nosso cupom de compra coletiva nos dava direito a um prato principal de risoto e uma taça de Salton. A segunda taça apenas seguimos pela primeira.

      Mas caso não acompanhasse, certamente teríamos optado por uma Freixenet Cordon Negro, adoro =D

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