Dia
desses soube de um restaurante de décadas que começou a trabalhar também pela
noite (outrora era apenas para almoço). Já fiquei curioso em ir até lá. Agora
falou que é nas proximidades da Padre Chagas? Bora lá conhecer o Amêndoa Champanharia!
O
ambiente é bem agradável, com mesas com bom espaçamento entre uma e outra...
E
sim, tem ainda ambiente externo, para quem curte ficar mais para a calçada,
curtindo o clima do momento (bem ao estilo bacana da Padre Chagas/Calçada da
Fama e arredores).
Lá
dentro a iluminação era toda ao estilo lâmpadas chinesas (pior que acho que não
é bem esse nome, peço desculpas pela possível gafe pessoal... e me corrijam
caso esteja errado).
Mas
gostei mesmo daquele estilo simples e direto, de uma pequena vela acessa na
mesa...
E
de cara começamos a ser atendidos pelo Alexandre, que nos trouxe duas taças de
Espumante Salton Reserva Ouro, na temperatura ideal e tudo mais. Mas sobre isso
fala mais a Luciana, que é entendida do riscado: “o espumante mantinha a
quantidade adequada de ‘borbulhas’ e era de sabor agradável e marcante, muito
bom”.
Falando
na Luciana ela foi circular pelo local e verificar outro ambiente, onde faz
parte do local de almoço...
Essa
ficou um pouco desfocada, mas dá uma boa ideia das opções do restaurante.
Gostei
do quadro e melhor ainda aproveitar a imagem para dar uma dica para os clientes
que são mais chegados na sobremesa...
Mas
dando continuidade à nossa experiência, pedimos de entrada Brusquettas com Lulas marinadas...
sabe aquele sabor, aquele pão nem crocante nem molenga, aquele toque especial
de azeite, sabe aquela comida que comemos e queremos mais? Poderia ficar
pedindo mais entradas como essa por toda a noite!
Poucos
minutos após o fim da entrada, já foram chegando os pratos principais: a
Luciana foi de risoto
de camarão com moranga... ela ficou salivando durante toda a
refeição, tamanha sua adoração por moranga... e camarão (graúdo, diga-se de
passagem... Amêndoa,
toca aqui, nada de camarão minúsculo e escondido), claro!
Aliás,
se a pessoa acha que a porção é pequena, saca só a profundidade do pratinho... é
muito bem servido!
Eu,
já mais discreto, optei por risoto de cepas de cogumelos frescos. Bem
saboroso, leve e de sabor agradável. O de camarão era melhor, mas ainda assim o
meu ficou na medida, acima da média!
E no
prato da Luciana, sobrou algo para contar a história? Bom, na verdade não posso
falar muito, comi até a flor que enfeitava meu prato... rsrsrs
‘Aqui Jaz queijo’ (a fome foi mais rápida que o disparo da
foto).
Já
na segunda taça de espumante, trazida pela simpática e atenciosa Elisa,
pensamos: tá tudo muito bom, o Amêndoa tá show de bola... mas tem o
compartimento de sobremesa, ele sempre
está aberto para algo mais. E já que falamos na Elisa, chega mais com duas
colheres e um Petit
Gateau!
Eu
poderia descrever o bolinho, a calda, o que aconteceu quando passamos com a
colher sobre ele... mas reza lenda que uma imagem vale mais do quem 1000
palavras, logo, fiquem com a imagem a seguir:
Pouco
antes de pedirmos a conta veio até nossa mesa a Fernanda, que é uma das
responsáveis pelo restaurante, informou que ela e o marido Henrique Hoss agora
estão administrando o local e tendo em vista que o marido é Chef, pretendiam
mudar um pouco o restaurante, que independente de ser em uma área nobre da
cidade o local pretende receber todo e qualquer tipo de cliente, desde a pessoa
de terno e gravata até um estilo mais descolado, de bermuda e tênis.
Ela
nos comentou que ao meio dia o restaurante funciona com o nome de Amêndoa
Restaurante, e pela noite como Amêndoa Champanharia. Eles tiveram essa ideia,
pois segundo ela o Henrique queria colocar no cardápio pratos mais estilosos,
por assim dizer, de alta gastronomia. Já no almoço eles trabalham com um
cardápio selecionado para o dia, bem diversificado e divulgado previamente no
site.
E
já deu a dica: se gostamos do risoto de camarão e moranga, devemos retornar lá
para provar o robalo com creme de espinafre e molho de moscatel! No detalhe, o ogro
bebinho alegre com teor alcoólico fazendo efeito o Cinéfilo Faminto e a
Fernanda (que a Luciana jura dizer que achou ela muito parecida com a Ingrid
Guimarães, tanto no perfil como na voz...).
No
fim das contas, toda
a noitada gastronômica ficou em pouco menos de 125 reais (sem cupom
de compra coletiva ficaria em torno de 175 reais). O Amêndoa Restaurante é uma
excelente alternativa que surge para quem quer tomar um espumante de noite, sair com amigos, sair a dois, com
família quem sabe... é tudo isso e mais, conheçam que vale muito a pena!
Não
é novidade para muitos o meu fascínio, minha plena admiração pelo cinema
realizado pelos Irmãos Coen. Barton Fink, Queime Depois de Ler, o remake de
Bravura Indômita, o final espetacular -- e que incomoda a muitos – de Um
Homem Sério (que por sinal já foi citado aqui
no Cinéfilos Famintos). Algumas semanas atrás li o roteiro original de Fargo
e fiquei ainda mais interessado em rever a obra. E que obra!
Em Fargo
observamos a história de Jerry Lundegaard, vendedor de carros e que para
arrecadar uma certa quantia tem a genial ideia (só que não): contratar pessoas
para sequestrarem sua pessoa (que é de família rica e que acabaria, na teoria,
pagando o resgate). Obviamente as coisas fogem – ao extremo – do controle.
Apesar
de indicar, de antemão, que os acontecimentos a seguir serão no mínimo
trágicos, Fargo
nos apresenta em sua abertura uma pequena ilusão: um plano aberto onde tudo é
branco, tudo é claro. Logo após um pássaro irrompe a imagem da região fria e
carregada de neve de Fargo. Um carro surge e rompe a aparente
tranquilidade. A situação começa. De cara escutamos a maravilhosa Fargo, North Dakota, de Carter Burwell,
música que traz um clima de angústia, de melancolia e de falsa redenção à cena,
música essa que permeará em diversos momentos a grande obra dos Coen.
Observar
William H. Macy em cena é um deleite e tanto. Seu jeito de achar que entende do
assunto, que pode estar no controle da situação, seus movimentos fazem parte da
caracterização de seu personagem. Mesmo estando em frente a duas pessoas
barra-pesada, ele ainda tenta arrancar risadas e negociar com aqueles que irão
posteriormente sequestrar sua esposa. Steve Bucemi como Carl, um dos sequestradores
e habitual colaborador nos filmes de Joel e Ethan Coen mantém a atuação acima
da média como lhe é habitual. E não podemos esquecer-nos de Gaear (interpretado
por Peter Stormare, que certamente serviu de inspiração para Ryan
Gosling criar seu personagem em Drive): jeito calado, poucos movimentos, mas
quando precisa agir, age, muitas vezes fugindo do habitual, e nisso digo que
haverá sangue em cena.
Fantástico
perceber que, em uma história trágica, com reviravoltas e morte, os Coen deixam
sempre claro o elemento em tom vermelho em cena. Seja na própria abertura, com
o farol vermelho rompendo a cena, seja em diversos momentos quando observamos
Jerry e Carl, sempre há algum tom em vermelho em cena, seja na televisão, na
concessionária, no limpador de neve, tudo está em vermelho, tudo reforça a
situação de perigo constante que os personagens enfrentam.
E
por incrível que pareça, em meio a tantas atuações, observamos uma
surpreendente Frances McDormand encarando a policial Marge, policial do
vilarejo e grávida de alguns meses, que não se eximi de continuar trabalhando,
apesar da ‘carga que é pesada’ e que leva consigo diariamente. Sua personagem
se distancia de dezenas de outros filmes policiais por não existir nada de
espalhafatoso: aqui a atuação é facilmente observada no movimentos de olhares,
em pequenos gestos, no sotaque característico da região (onde yes vira ye, onde
jesus vira jess, para citar alguns exemplos).
Outro
ponto que me fascina na direção dos Coen em Fargo é que não existe a
necessidade de tudo ficar plenamente claro ao espectador, tudo mastigado. Além
do tom vermelho já citado, gosto de observar a direção de arte e cenários do
filme: observe como a vida de Jerry é mais abastada, por assim dizer: em um
pequeno plano observamos Jerry falando e ao fundo do plano, sua casa. Sala de
estar ampla, espaço sobrando inclusive para pequenas plantas serem cultivadas
no local. A cozinha igualmente ampla, com objetos de utensílios variados. Em
oposto a isso, observamos nossa pseudo heroína Marge morar em uma cena menor,
apertada, dividida entre patos sendo esculpidos, uma sala de cozinha dividida
entre fogão, sala e armários e logo ao lado a porta de saída de sua casa, uma
casa apertada para apenas um casal e que está a espera de um herdeiro (não se sabe
se a criança será menino ou menina, mas a bola de futebol próximo da porta já
denota um elemento dessa família, que está preparada para a criança que virá).
São pequenos detalhes que fazem a diferença em um filme.
Entre
tantas outras coisas valiosas de Fargo, não pude deixar de notar que em certos
momentos existia a transição (passagem de uma cena para outra) envolvendo Jerry
e Gaear passando pela a imagem de um Lenhador,
imponente. Mesmo que o Lenhador seja símbolo da região, isso seria muito óbvio.
Em uma leitura mais ampla, acredito que os Coen queriam passar que no fundo,
Jerry, Gaear e o Lenhador são os mesmos em sua natureza: não
interessa se fazem o bem ou o mau, eles simplesmente precisam dominar a
situação. Jerry nitidamente era um vendedor picareta, que em tudo precisava
tirar vantagem, Gaear que simplesmente mata por matar e o Lenhador, que devasta
árvore após árvore sem maiores dificuldades. Quando Marge, quase ao término da
obra, diz não compreender o motivo das pessoas matarem e tomarem decisões
radicais por dinheiro, ali ela não compreende o que os Coen tentam nos passar,
com essas transições de cena: Jerry, Gaear e um Lenhador qualquer, todos eles
agem sem muita lógica, sem muita razão, agem conforme seu instinto, conforme
sua natureza pré-definida. E isso nem sempre trará bons resultados, alguém
sairá perdendo.
Utilizando
do artifício de pequenas quebras de narrativa com telas pretas em cena, para
reforçar o fato de ser baseado em fatos reais e fazendo de forma que cada momento
tenha de fato sido realizado a partir de relatos policiais e similares, Fargo
é uma obra que reforça a carreira acima da média dos Irmãos Coen. É bem verdade
que eles têm Matadores de Velhinhas no currículo, mas muitos dizem que eles são
diretores/produtores/roteiristas do tipo ame ou odeie. Sem dúvida alguma estou
no clã da primeira alternativa.
Rua
Hilário Ribeiro, 290 – Moinhos de Vento – Porto Alegre/RS
Fone:
(51) 3346 5635
Horário
de funcionamento: 2ª a sábado das 11h30 às 14h30 e de 3ª a sábado das 18h às 23h
Realmente a Amêndoa Champanharia tem um ambiente muito agradável, é o meu preferido da Pe Chagas ultimamente.
ResponderExcluirPercebesse que vocês não têm um paladar muito aguçado para espumantes, vão numa Champanharia e pedem Salton? hehe
Olá anônimo!
ExcluirDe repente não ficou claro na matéria, mas nosso cupom de compra coletiva nos dava direito a um prato principal de risoto e uma taça de Salton. A segunda taça apenas seguimos pela primeira.
Mas caso não acompanhasse, certamente teríamos optado por uma Freixenet Cordon Negro, adoro =D