A abordagem da fase adolescente nos cinemas não
costuma ser algo bem aproveitado. Com algumas exceções, mesmo que focadas na
violência e sexo (Aos Treze e Kids, para citar apenas dois exemplos), é comum
observarmos um amontoado de clichês, tais como a menina mimada, o garoto que
sofre bullying, mas no fim conquista a garota linda da escola, etc. Assim
sendo, é parcialmente satisfatório que Turn Me On, Dammit! (ou Fà Meg Pá For Faen, no
título original Norueguês) fuja à regra, mesmo que acabe falhando em diversos
momentos.
Dirigido por Jannicke Systad Jacobsen, Turn Me On,
Dammit! tem como protagonista Alma (Helene Bergsholm), garota que em
poucos meses completará 16 anos. Sua vida é insossa, assim como a cidade em que
vive: fora da escola nada tem de muito útil a fazer, além de se encontrar com
as amigas Saralou e Ingrid. Um dos grandes passatempos é flertar com alguém
adulto para que esse compre alguns fardos de cerveja no mercado, já que elas
são menores e não têm idade para isso.
Mesmo que não seja elemento fundamental ao
filme, a fotografia em tom azulado de Marianne Bakke marca presença por
apresentar um território frio, isolado, por vezes sem vida, bem próximo do que
é a vida daquelas pessoas. A fotografia apenas reforça o que é a vida daquelas
pessoas em uma cidade que nada tem: O tempo não passa, o tédio domina, a
mesmice reina, tudo que Alma quer é Nova York (ou Oslo, como temporariamente
chega a acontecer), é música, é transar, e é Arthur, o colega de sua escola.
O roteiro de Jannicke Systad Jacobsen e Olaug
Nilssen acerta ao focar sua obra centrada no universo feminino, principalmente
na questão de Alma, uma adolescente passando pelo período da puberdade, com a
mãe trabalhando boa parte do tempo, Alma passa o tempo ligando para o serviço
de tele sexo. Por outro lado, o roteiro falha com a insistente narração em off
de Alma, um recurso na maioria dos casos desnecessário. Aqui isso vai além,
funcionando para explicar cada cena que é exibida, fazendo do recurso uma
ferramenta constante de diálogo expositivo.
Outro ponto positivo do longa é que, com raras
exceções, o elenco é formado por ‘não atores’, o que torna o filme mais real e
menos artificial do que em outros longas com o mesmo tema. Aliás, de maneira
bastante grosseira, vendo Turn Me On, Dammit! acabo lembrando um pouco
da atmosfera presente em Morro do Céu,
de Gustavo Spolidoro: Se em Morro do Céu
as pessoas queriam sair daquela cidade ou passar de ano na escola, aqui as
pessoas também entendem que a cidade Skode Heim não tem nenhum grande atrativo.
Tudo é tão igual, tudo é tão velho e simplista, não há nada de mais na vida
daqueles adolescentes. O centro jovem é um pequeno exemplo, onde um velho sofá
atirado no mato é algo suficiente para as pessoas se acomodarem em meio a uma
festa. Outra grande diversão, essa por pouca idade da protagonista e suas
amigas, é ficar na frente do mercado encarando garotos mais velhos: não para
flertar, mas para pedir que eles lhes comprem cerveja, em função de suas idades.
Mesmo que falhe em seu terceiro ato, resolvendo
as situações criadas ao longo de pouco mais de 70 minutos de maneira superficial,
sua última cena traz a protagonista, de certa forma, acordando de seu sonho e
caindo na realidade: ela é apenas uma adolescente, que mora com a mãe e está
longe de alcançar sua liberdade sexual. Turn Me On, Dammit! no fim mais acerta do que
erra, embora suas falhas quase ofusquem a qualidade da obra Norueguesa.
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