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18/06/2015

Turn Me On, Dammit!


A abordagem da fase adolescente nos cinemas não costuma ser algo bem aproveitado. Com algumas exceções, mesmo que focadas na violência e sexo (Aos Treze e Kids, para citar apenas dois exemplos), é comum observarmos um amontoado de clichês, tais como a menina mimada, o garoto que sofre bullying, mas no fim conquista a garota linda da escola, etc. Assim sendo, é parcialmente satisfatório que Turn Me On, Dammit! (ou Fà Meg Pá For Faen, no título original Norueguês) fuja à regra, mesmo que acabe falhando em diversos momentos.


Dirigido por Jannicke Systad Jacobsen, Turn Me On, Dammit! tem como protagonista Alma (Helene Bergsholm), garota que em poucos meses completará 16 anos. Sua vida é insossa, assim como a cidade em que vive: fora da escola nada tem de muito útil a fazer, além de se encontrar com as amigas Saralou e Ingrid. Um dos grandes passatempos é flertar com alguém adulto para que esse compre alguns fardos de cerveja no mercado, já que elas são menores e não têm idade para isso.

Mesmo que não seja elemento fundamental ao filme, a fotografia em tom azulado de Marianne Bakke marca presença por apresentar um território frio, isolado, por vezes sem vida, bem próximo do que é a vida daquelas pessoas. A fotografia apenas reforça o que é a vida daquelas pessoas em uma cidade que nada tem: O tempo não passa, o tédio domina, a mesmice reina, tudo que Alma quer é Nova York (ou Oslo, como temporariamente chega a acontecer), é música, é transar, e é Arthur, o colega de sua escola.

O roteiro de Jannicke Systad Jacobsen e Olaug Nilssen acerta ao focar sua obra centrada no universo feminino, principalmente na questão de Alma, uma adolescente passando pelo período da puberdade, com a mãe trabalhando boa parte do tempo, Alma passa o tempo ligando para o serviço de tele sexo. Por outro lado, o roteiro falha com a insistente narração em off de Alma, um recurso na maioria dos casos desnecessário. Aqui isso vai além, funcionando para explicar cada cena que é exibida, fazendo do recurso uma ferramenta constante de diálogo expositivo.

Outro ponto positivo do longa é que, com raras exceções, o elenco é formado por ‘não atores’, o que torna o filme mais real e menos artificial do que em outros longas com o mesmo tema. Aliás, de maneira bastante grosseira, vendo Turn Me On, Dammit! acabo lembrando um pouco da atmosfera presente em Morro do Céu, de Gustavo Spolidoro: Se em Morro do Céu as pessoas queriam sair daquela cidade ou passar de ano na escola, aqui as pessoas também entendem que a cidade Skode Heim não tem nenhum grande atrativo. Tudo é tão igual, tudo é tão velho e simplista, não há nada de mais na vida daqueles adolescentes. O centro jovem é um pequeno exemplo, onde um velho sofá atirado no mato é algo suficiente para as pessoas se acomodarem em meio a uma festa. Outra grande diversão, essa por pouca idade da protagonista e suas amigas, é ficar na frente do mercado encarando garotos mais velhos: não para flertar, mas para pedir que eles lhes comprem cerveja, em função de suas idades.

Mesmo que falhe em seu terceiro ato, resolvendo as situações criadas ao longo de pouco mais de 70 minutos de maneira superficial, sua última cena traz a protagonista, de certa forma, acordando de seu sonho e caindo na realidade: ela é apenas uma adolescente, que mora com a mãe e está longe de alcançar sua liberdade sexual. Turn Me On, Dammit! no fim mais acerta do que erra, embora suas falhas quase ofusquem a qualidade da obra Norueguesa.

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