Faz
tempos que estávamos devendo aquela matéria sobre um restaurante clássico da
capital. E agora fizemos: fomos lá aproveitar um belo começo de noite no Copacabana.
Na
real a Luciana já tinha feito uma matéria no local, que foi sede de um curso de
degustação de vinhos (perdeu a matéria? Leia aqui).
Dessa vez fomos para provar um ambiente super agradável, uma boa massa e tudo
mais. De cara observamos as mesas, com bom espaçamento entre uma e outra.
Aqui,
um registro dos donos do local ao longo das décadas.
Um
restaurante italiano e com várias influências futebolísticas... claro que não
poderia faltar alguma referência à esquadra azurra (repararam no pôster, aqui
no canto, mais próximo dos banheiros? Bom, eu reparei e gostei).
Um
restaurantes para ilustres gremistas, por que não?
Saudoso
mestre Lupicínio!
Achei
muito bala essa pintura na parede (se não for pintura na parede... fiquem a
vontade para me corrigirem leitores).
E
um último registro antes da comida em si: muito apropriado tu ir a um local e
só ver os garçons vestidos na cor preta, o Copacabana realmente sabe das coisas, nota 10!
Bom,
o cardápio de cara já mostra a história e as décadas de existência do local.
A
primeira entrada a chegar foram brusquettas torradinhas. Olha que foi um
espetáculo, quentinhas e bem temperadas!
Depois
chegou uma baita salada de radicci com bacon. Digo que em 20 minutos comi
mais bacon do que nos últimos 20 anos de vida... e putz, o amigo @rafaferr tem
razão: Bacon é vida, que coisa que estava, pequenas fatias e bem torradinhas...
De
prato principal, massa talharim e filé cremonese recheado com gorgonzola.
Velho, de cara eu pensava que já era bem servido, mas quando você começa a
comer, é MUITO bem servido. E a carne, que em uma primeira olhada parecia uma
almôndega, é um baita pedaço de carne recheado, para forrar bem o estômago!
Queijo
e pimenta não podem faltar em uma refeição tão nutritiva e saudável como essa!
Uma
nova olhada, com o prato da Luciana e muuuuuuito queijo ralado!
Satisfeitos?
Ah pessoal, o compartimento de sobremesas sempre tem lugar sobrando, sempre!
Eu
fui de torta
de doce de leite crocante... gostei, muito gostoso!
Mas
confesso que a da Luciana (que era torta diet de amora) estava mais espetacular,
coisa que só vendo e comendo para confirmar! Pena que quando eu fui tentar dar
a segunda provada no doce dela... ela tinha comido tudo! rsrsrs
Satisfeitos?
Herrr, bemmm, hmmmmm, veja só... eu pedi o cardápio de novo porque precisava
levar alguma coisa para provar em casa no dia seguinte, de repente no café da
manhã ou ok, no almoço (não vou contrariar o médico dessa vez... só dessa
vez!)...
Enquanto
isso a Luciana tomava um café, para fechar todas e muito bem servido pelo ótimo
funcionário Paulo, gentileza e agilidade em pessoa.
No
fim, minha embalagem super especial da refeição de casa já chegou: embalagem
com logo e tudo mais do restaurante é o mínimo que podíamos esperar de um baita
local feito o Copacabana
(e por mais óbvio que possa parecer, tem restaurantes pela cidade, de décadas e
mais décadas servindo o cliente, que não dão bola para isso... bola fora, só
digo isso!).
A conta fechou em 47,50 reais (isso com cupom de compra coletiva e sem a refeição para casa. Sem
cupom de compra coletiva ficaria em 95 reais). Saímos de lá pra lá de
satisfeitos e já pensando em quando retornar ao local, seja para uma janta ou
para a Luciana fazer o módulo 2 do curso de degustação de vinhos... palmas e
palmas para o Restaurante
Copacabana!
E depois desse belo começo de noite, depois daquela
pequena farra de bacon, eu precisava, eu queria muito escrever de algum filme
com o Kevin Bacon. Cheguei a rever o excelente Sobre Meninos e Lobos (a Luciana
achou apenas bom, vai entender), para falar mais do filme, do Kevin Bacon (até
porque, novamente ressalto que o amigo @rafaferr vive dizendo que Bacon é vida!) e tals... fica para
uma próxima, realmente não consegui. Deixo vocês com meu nada pequeno e humilde
texto sobre Django
Livre, que vi no começo do ano e... se gostei? Não lembro, fiquem
com o texto abaixo e tirem suas conclusões.
Meu
pai é um grande fã do gênero faroeste. Quando em algum momento ele olhava algum
filme, depois tentava me relatar o que vira: “tinha os índios e tal, depois
encontraram o forte apache, e tinha o pistoleiro x...” no fim das contas eu
nunca gostei muito desse gênero, vejam só. Devo ter visto várias partes de
filmes de faroeste, mas do início ao fim lembro claramente de Era uma
Vez no Oeste (Sergio Leone) e Bravura Indômita (dos
Irmãos Coen). Assim, para uma pessoa (falso cinéfilo) que pouco observa e
mais lê sobre o gênero, foi com grande satisfação que saí da sessão de Django Livre, o mais novo filme de
Quentin Tarantino.
Django Livre nos leva inicialmente para
1858, dois anos antes da Guerra Civil, em algum lugar do Texas. De cara
observamos em um plano aberto, uma região árida, quase um deserto inabitado.
Aos poucos vamos observando negros acorrentados pelos pés, atravessando quilômetros,
quase não aguentando mais ficarem em pé. E em determinados momentos observamos
o protagonista-título entre eles (e a trilha sonora de fundo tocando Django,
de Luis Enríquez Bacalov). Em uma noite escura e nebulosa, onde apenas a
estrela do norte parecia brilhar, o dentista-caçador de recompensas Dr. King
Schultz (Christoph Waltz) cruza aquele caminho, tentando comprar um daqueles
escravos. As coisas não ocorrem em um clima muito amistoso e Schultz dispara de
forma fulminante seu revólver contra os donos daqueles escravos: um morre,
outro fica quase que esmagado embaixo de seu cavalo, tendo seu destino decidido
por aqueles que eram seus escravos. Dr. Schultz está de olho em Django e o leva
com uma condição: temos que encontrar os irmãos Brittle. Encontrar, matar,
carregar seus cadáveres e ser recompensado por isso. E Django, terá sua
liberdade. E lá pelas tantas as coisas mudam um pouco do previsto originalmente
e veremos o negro surrado indo atrás não apenas de sua liberdade, mas de sua
esposa amada, a bela negra (e que fala alemão) Broomhilda.
Acusado
por alguns de preconceituoso, Django Livre deflagra,
através de uma história ficcional, mas com acontecimentos reais, situações
extremas de escravidão, de submissão da raça negra para a branca e o quão asqueroso
isso pode ser. Mas falar que o filme é preconceituoso é tão somente falar algo
de quem não entendeu o filme. Em diversos momentos observamos que está sendo
mostrado algo que aconteceu, e não que isso seja o correto ou o ideal. Isso era
o cotidiano, o que acontecia naquele período. Nisso, é curioso observar uma das
principais características de Dr. King, o caçador de recompensas, através de um
crucial diálogo com Django: “Sou contra a escravidão; mas tenho você.
Vou usar a loucura da escravidão a meu favor”. O personagem de Samuel
L. Jackson, Stephen (a qual pretendo abordar um pouco mais posteriormente), é
mais uma prova que o racismo, o preconceito, não é necessariamente da
sobreposição de uma raça a outra, mas também de uma raça para com a própria raça,
o que se mostra ainda mais sórdido e podre na prática. Outro ponto do longa é a
constante inversão de poder que acompanhamos no longa: em diversos momentos
observamos Django conversando ou em cena com Dr. King e o primeiro é o
dono completo da situação, até salvando a vida da dupla em alguns momentos. O
mesmo podemos dizer de Candie (interpretado por Leonardo DiCaprio) e Stephen
(especialmente no momento que Stephen se mostra atento a um possível blefe de
Django/King), não observamos em cena a raça negra sendo apenas alvo de atitudes
covardes e humilhantes, a submissão não é negra por completa (embora Candie
pense o contrário, como podemos observar em uma das cenas mais tensas do
longa). Acusar Django Livre de
ser preconceituoso/racista por termos dezenas, se é que não centenas de vezes a
utilização da palavra ‘nigger’ (crioulo, uma forma pejorativa para
negro) é algo tão absurdo quanto descabido. Na prática Tarantino tem noção
disso e a tal ‘palavra maldita’ é utilizada também entre os vários negros da história,
sendo até a última palavra dita no filme.
Como
todo filme de Quentin Tarantino, a trilha sonora de Django Livre é muito bem trabalhada e de
forma bastante variada. Em especial, quando visualizamos trajetos a serem
percorridos: em cada cavalgada, a trilha sonora de fundo é elevada. A música
vai desde os esperados acordes que remetem diretamente ao gênero Western
Spaghetti, como também a uma quebra de expectativa, com hip hop tocando a todo
volume e sem que isso pareça exagerado ou deslocado em cena. Algumas cenas são
curtas, mas com tempo suficiente para se tornarem emblemáticas, carismáticas,
arrebatadoras. Entre tantas, destaco a do primeiro treinamento de Django com
sua pistola, em meio à neve e a um boneco de neve, e a transposição da cena, do
treinamento para a prática (a cena por si só é empolgante, mas com a trilha de
fundo, se torna épica) e também a faixa La Corsa, de uma tensão
absurda para depois se transformar em um tema quase edificante (embora seu
começo, reafirmo que é de pura tensão. Digo que lembrei do tema da aranha
Shelob/Laracna, de O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei... mas divago)!
Tarantino escolheu de maneira perfeita as músicas de Luis Enríquez Bacalov, e
se não bastasse tudo isso, temos ainda Ennio Morricone na trilha, e nada mais
precisa ser dito.
Django Livre se vale de seu ótimo elenco
e com atuações primorosas. Christoph Waltz ganhou o Oscar em 2010 com Bastardos
Inglórios e depois disso parecia se afundar em papéis secundários (Besouro Verde, Água para Elefantes) ou que de alguma forma, seja nas feições, no
timbre de voz e outros, lembrava do sarcástico nazista Hans Landa. Aqui,
novamente em parceria com Quentin Tarantino, sua atuação volta a ser magistral.
Seu caçador de recompensas é de uma ‘falsa fala mansa’, com calma, de gestos e
tom de voz sempre articulados, o que pode enganar algumas pessoas, que por
consequência morrerão através de suas balas disparadas. Waltz imprime em seu
personagem um caráter pleno de confiança quando a situação lhe é favorável, a
ponto de entregar uma arma carregada na mão de negros acorrentados, tal sua
tranquilidade que nada ali irá acontecer para si. Um segundo Oscar para Waltz
não será uma surpresa, se assim acontecer. Em contrapartida temos Jamie Foxx
compenetrado com seu Django, uma atuação a altura da jornada do personagem. De
uma primeira imagem, de um negro surrado e cansado, percebemos que Django não
tem até então algo pelo que lutar: é um escravo sem ter como reagir diferente
disso, em um primeiro momento o protagonista nada tem o que fazer, já que sua
esposa também ficou para trás, provavelmente sendo empregada, violentada ou
torturada por algum capataz. Nisso a trilha sonora do protagonista-título é
precisa quando ouvimos: “Django, você sempre foi sozinho? Django,
você nunca amou de novo? O amor viverá... A vida deve continuar... Django, você
deve enfrentar mais um dia...”. Mas isso aos poucos mudará, pois
de um ser miserável, de um ser humilhado e chicoteado, de um negro farrapo
humano, Django passará por uma longa jornada de transformação, até quem sabe
reencontrar sua esposa, seguir sua vida, se tornar o gatilho mais rápido do
sul. Essa construção do personagem é precisa, o roteiro de Tarantino vai
lapidando aos poucos isso. E aos poucos também vamos observando que Django não
quer mudar a história que vive, sabe que não pode acabar com a escravidão, mas
sabe que pode e deve lutar até encontrar sua mulher, sua esposa de volta. Ele
sempre fala por si só, ou quando abre uma exceção é para falar em nome dele e
de sua esposa. Isso fica explícito quando em um dos vários ótimos diálogos
entre Dr. King e Django, o primeiro pergunta: “vocês escravos acreditam
no casamento? E a resposta: Eu e minha Esposa, sim.” Para esta
composição do personagem, o figurino de Django também é fundamental, passando
de roupas surradas, para uma roupa no mínimo pitoresca, e depois alcançando o
tom verde e emblemático, de um personagem que ali já está mais confiante,
ciente dos desafios e que irá encará-los, custe o que custar. E por mais que
possa parecer deslocado em um velho oeste, o fato de Django ter óculos escuros
é fundamental para, por vezes, tentar esconder suas reações de aflição,
ansiedade e tensão, praticamente sempre ocorrendo quando o assunto em cena tem
relação com sua esposa. Nesses momentos observamos closes, planos fechados nos
olhos dele, a consternação com a humilhação alheia, tudo isso pode não
transparecer claramente em Django, mas em seus olhos a verdade aparece. No
coração dele sentimos que a revanche é seu desejo principal. Nos olhos dele,
porém, o que vemos é dor e nada poder fazer.
A
partir de parte de seu segundo ato em diante temos em cena um vendedor de
escravos, Calvin Candie, em atuação precisa de Leonardo DiCaprio. ‘Monsieur’
Candie é daqueles personagens que com algum ator pouco experiente poderia soar
superficial, caricato até. Aqui DiCaprio é dono da situação, é um ser
habilidoso com a palavra quando assim se faz necessário, e insano quando também
o for preciso. Se não bastasse seu domínio para com o personagem, o figurino e
direção de artes e cenários atuam como de maneira única nesse aspecto. O paletó
de Candie, os objetos de cena, tais como a tonalidade das paredes do ambiente e
um curioso ‘apoiador de caveira’ (na falta de uma palavra melhor), todos os
elementos são na cor vermelha, reforçando o perfil perigoso e sanguinário do
personagem que DiCaprio interpreta. Calvin Candie é a antítese de Dr. King
Schultz. Enquanto um é contra a escravidão, outro se diverte com ela. Enquanto
um é um caçador de recompensas, outro vende escravos e fica extasiado em duelos
sangrentos entre negros. Enquanto um é um mau perdedor, o outro é um vencedor
abismal. Mas, assim como temos uma ‘dupla de mocinhos’, temos também uma ‘dupla
de vilões’ e a contraparte de Candie é Stephen, interpretado de maneira
arrebatadora por Samuel L. Jackson. Stephen é astuto em cena, a cada momento
está atento a toda situação ao redor da casa do patrão Candie. E nisso é
particularmente curioso observar que o quanto Stephen tem de astuto, o mesmo
tem de preconceituoso: fica revoltado com a ideia de Django ter que dormir na
“Casa Grande”. Sua raiva é tamanha que só após vários minutos de conversa entre
Dr. King e Candie é que Stephen aceita a ideia de que Django não é um escravo
(veja o filme e entenderá) e ele poderá ficar na casa do patrão, participando
de jantares, dormir no local e outros. Um negro que cuida de suas empregadas
negras, que as coloca no ‘forno’ quando tentam fugir, um negro que é
extremamente desprezível, racista e nojento com alguém de sua própria raça. O
preconceito não vem apenas de raças opostas e sim de suas próprias raças.
Aos
que reclamam de uma característica bem particular do diretor-roteirista, em Django Livre temos uma narrativa
plenamente linear. Não temos o fim sendo observado nos segundos iniciais, o
meio no fim ou o começo no fim, aqui a história acontece conforme o tempo vai
passando. A exceção talvez possa ser considerada apenas em alguns poucos
flashbacks, que narram parte da história de Django. Nesse aspecto é importante
ressaltar que o diretor de fotografia Robert Richardson foge daquela velha
ideia batida de mostrar flashback em preto-e-branco, mostrando um tom colorido,
mas levemente azulado, de forma envelhecida. De resto, a fotografia mantém uma
paleta de cores que varia entre o tom mais amarelado, ressaltando o calor da
região do Texas/Mississipi e o tom azulado, quando das passagens por montanhas,
colinas ou lagos gelados.
Como
não poderia deixar de ser, Django Livre tem
sua violência: estamos falando de escravidão e de fatos que ocorreram naquele
período, nas regiões citadas e em outros pontos dos EUA, e até do mundo. Nele
vemos chicotadas em negros (e brancos), pessoas mortas através do ‘mais rápido
no gatilho’, cães devorando negros, a chamada ‘luta de mandingos’ em que o
vencedor é quem sobreviver e o confronto atual é apenas um entretenimento para
quem olha (nesse ponto é preciso enaltecer os efeitos de som do filme, pois
quando observamos esse tipo de confronto, a violência fica ainda mais
destacada, quando podemos ter a nítida sensação de termos em cena músculos
torcidos, costelas quebradas, soco após soco, cada golpe é ainda mais pesado e
violento). E claro, muito sangue. Bem menos que em outras obras do diretor, mas
ainda assim temos momentos de litros de sangue sendo jorrados na tela, para
deleite dos fãs (nos quais obviamente me incluo). Para equilibrar tudo isso,
momentos constantes de humor. A habilidade com que Tarantino lida com isso tem
se tornado uma de suas marcas, a forma como que em momentos de pura tensão
temos algumas piadas ou tiradas cômicas para trazer o riso para a plateia e os
personagens (é bem verdade que em vários casos as risadas são nervosas, a
tensão segue reinando a situação... mas não deixam de ser risadas). Entre elas,
destaco a reunião de uma espécie de ‘pré Ku Klux Klan’ e a ideia estúpida de
colocar sacos brancos (com furos) na cabeça.
As
referências ao gênero Western Spaghetti estão espalhadas ao longo do filme,
indo desde a já citada trilha sonora com Morricone até os zoom in e
zoom out agradavelmente exagerados, relembrando filmes e seriados
de décadas passadas. A roupa em tom esverdeado que Jamie Foxx utiliza em boa
parte do filme remete a um ou mais personagens do mais famoso seriado de
faroeste de todos os tempos: Bonanza. Em tempos atuais soa até como irônico
olharmos que em Django Livre os
personagens têm um código de honra praticamente comum entre a maioria deles:
são homens de palavra. Não importa se o protagonista está sob a mira de dezenas
de espingardas e outras armas. Se é dito que ele está seguro se soltar sua
arma, ele não será apunhalado pelas costas. Essa coisa da palavra valer mais do
que tudo é característica desse tipo de gênero e época, uma época que muitos
não conheceram (e não duvido que isso cause estranheza para algumas pessoas que
assistirem ao filme, pensando até que é uma situação impossível de acontecer,
inverossímil e tudo mais). Além de tudo já citado, temos ainda participações
especiais (leia-se pontas) em diversos momentos, onde a principal delas podemos
dizer tranquilamente que seja a de Franco Nero encontrando com Django, em um
breve diálogo sobre a pronúncia correta do nome do protagonista (um momento
feito através de uma figura de metalinguagem, que mesmo que gere uma cena óbvia
para os mais atentos e conhecedores do gênero, não deixa de ser engraçada).
Tendo
a decisão arriscada de prolongar seu terceiro ato e nos apresentar um clímax
com muito mais tempo de antecedência do que o habitual, Django Livre então nos surpreende
novamente. Em um primeiro momento minha reação foi essa, de um terceiro ato
mais longo que o necessário. Essa impressão é passada para trás quando
observamos que a jornada de Django não terminou: Django não pode ter uma
jornada finalizada de maneira simplificada. A transformação de um personagem ao
longo de suas quase 3 horas é permeada por sentimentos de revanche, vingança,
amor. A jornada de Django é feita de (entre outras coisas) sangue, cadáveres,
fogo e pólvora (ou de bananas de dinamite, se preferir)!
Ex-funcionário
de videolocadora e que nas horas livres passava vendo filmes de graça, Quentin
Tarantino tem exibido o seu próprio trabalho em seus filmes e mesclado com
homenagens que julga serem válidas. Se em Cães de Aluguel e Pulp
Fiction observamos o gênero policial saindo do velho marasmo de
histórias batidas e feito isso através de uma narrativa não linear, algo
reforçado com maestria em Pulp Fiction, homenagem esta às
revistas baratas e de histórias curtas, rasteiras. Em Jackie Brown a
homenagem é ao blaxploitation, os filmes negros dos anos 70. Em Kill
Bill Vol. 1 e 2 observamos as claras homenagens ao cinema asiático, ao tema
da vingança, a Ennio ‘Fucking’ Morricone. Em Bastardos Inglórios observamos
novamente a vingança, guerra, nazistas escalpelados e Hitler fuzilado com prazer
total da plateia. Em Django Livre então
temos a bem-vinda e empolgante homenagem aos Westerns Spaghetti, aos duelos do
mocinho contra bandido, a Morricone. Qual será a próxima ‘homenagem’ que
Tarantino nos trará? Estou desde já no aguardo e sendo no mesmo disparo
fulminante e sangrento de Django Livre, ficarei extremamente satisfeito!
OBS.:
Há uma cena pós-créditos que, se olhada de forma isolada, pode soar como boba,
mas que no contexto do filme ressalta ainda mais a jornada de transformação do
protagonista, de negro surrado a pistoleiro destemido, ao gatilho mais rápido
do Sul!
* Este texto foi publicado
originalmente no Fila K, em 18/01/2013.
Praça Garibaldi, 02 (esquina Venâncio Aires) – Cidade
Baixa – Porto Alegre/RS
Fone: (51) 3221 4616 / 3225 9885 / telentrega 3221
4616
Horário de funcionamento: de 3ª a domingo das 11h30 às
15h e das 19h à 01h
Nenhum comentário:
Postar um comentário